Médicos residentes de todo o país fazem hoje uma paralisação por aumento no valor da bolsa que recebem pela especialização. Em Alagoas, a paralisação é feita por 57 residentes que trabalham nas dez residências médicas em funcionamento na unidade de saúde do Hospital Universitário.
Eles pedem aumento de 30% no valor, que não é reajustado há cinco anos. Além da paralisação, está marcada uma manifestação em frente aos ministérios da Educação e da Saúde.
A residência médica é a maneira de formar o especialista. Os candidatos são escolhidos por meio de concurso público, em caso de hospitais públicos, ou concurso privado, em caso de hospitais particulares. Dependendo da especialidade, a residência pode durar dois anos, no caso de clínica médica, ou até cinco anos, no caso de neurocirurgia.
O presidente da Associação Nacional de Médicos Residentes, Marcos Paulo Barbosa, explicou, em entrevista à Rádio Nacional, que os 30% reivindicados pela categoria são a reposição da inflação dos últimos cinco anos. Ele disse que o valor da bolsa, atualmente, está em torno de R$ 1,5 mil.
“O grande problema é que trabalhamos 60 horas semanais e o médico concursado no Distrito Federal, por exemplo, trabalha 20 horas e ganha cerca de R$ 2,3 mil. Então um residente equivale a três médicos. Muitas vezes, a Secretaria de Saúde prefere contratar o residente do que três médicos e a gente acaba virando mão-de-obra barata. Não tem de pagar encargo trabalhista, então sai muito mais barato e a sobrecarga de trabalho é muito grande”, reclama Barbosa.
“No papel fazemos 60 horas, mas nas residências de caráter cirúrgico, principalmente, os residentes trabalham cerca de 100 horas semanais e, para complementar a bolsa, a maioria faz plantão fora. A carga de trabalho acaba chegando a 130 horas por semana. É extremamente alta.”
De acordo com o presidente da associação, as bolsas de residência que são credenciadas pelo Ministério da Educação devem receber o aumento reivindicado. Os problemas são as bolsas que ficam sob a competência das Secretarias de Saúde dos estados. Das 17 mil bolsas que são pagas, o MEC só repassa 4,5 mil. O restante é pago pelas Secretarias de Saúde, que não teriam como arcar com o aumento.
Com Agência Brasil