Wanderley: passou o período do “salvador da pátria”

Tércio CappelloWanderley diz que "Alagoas não vai ser comprada"

Wanderley diz que "Alagoas não vai ser comprada"

Depois da primeira experiência disputando uma eleição – a de prefeito de Maceió, em 2004 -, o famoso cardiologista da Santa Casa de Misericórdia de Maceió, José Wanderley Neto (PMDB), reaparece na cena política, agora como candidato a vice-governador na chapa de Teotonio Vilela Filho (PSDB).

Em entrevista ao Alagoas 24 Horas, o médico-candidato dá o seu parecer sobre a proposta política que defende, ressalta a parceria entre Teotonio, Lessa e Renan, fala sobre o poder econômico nas eleições e diz categoricamente que administrar uma empresa privada é muito diferente de administrar um Estado.

O senhor já salvou muita gente como médico. Na política, há como atuar de forma tão nobre?
Graças a Deus e ao meu trabalho, já tive oportunidade de salvar muita gente. Mas ao optar também pela política, tenho oportunidade de salvar muito mais gente, através das políticas públicas, dos projetos sociais. Veja os índices de mortalidade infantil, na época em que Ronaldo Lessa assumiu o primeiro mandato. Eram 68 mortes a cada mil nascidos vivos, ele deixou o governo com uma taxa de 28 mortes a cada mil nascidos. Quanta gente foi salva!

Num eventual governo de Teotonio Vilela Filho, o senhor acredita que teria espaço para isso?
Não tenho a menor dúvida. O projeto de Teotonio Vilela e a capacidade que possui de consolidar mudanças em favor do bem-comum são imensuráveis. Nós temos compromisso e sensibilidade. Teotonio já trouxe dezenas de projetos para os municípios e para o Estado, com o objetivo da inclusão social, do desenvolvimento, da criação de oportunidades de emprego e renda, não para funcionários seus; não para os seus interesses pessoais e empresariais. Depois, trata-se de um democrata, de um homem preparado para administrar um Estado, com toda a complexidade que um cargo desse requer.

Nesse sentido, o senhor acha que as candidaturas de Teotonio e João Lyra se diferenciam?
No projeto do nosso principal opositor, falta consistência, conteúdo, objetivo. O perfil dele não é o de cuidar de gente. Mas o importante não é dinheiro, e sim ter compromisso social, saber aplicar os poucos recursos que temos. Se não estivéssemos comprometidos com o social, eu não estaria defendendo essa bandeira.

Teotonio, Lessa e Renan. Uma aliança política envolvendo três nomes expressivos da política alagoana e nacional, mas que nem sempre convergem ideologicamente. Como o senhor vê isso?
O que está em jogo é o futuro de Alagoas, a igualdade social, a cidadania, o desenvolvimento. Nesse aspecto, essas três lideranças convergem. O importante para esse grupo é juntar os pontos convergentes para transformarmos para melhor o nosso Estado. Quando se constitui um projeto com esse fim, tudo fica mais fácil. O Teotonio vai ser melhor que Ronaldo Lessa porque encontrou condições para administrar, deixadas por Lessa. O sucessor de Teotonio tem de ser melhor que ele. Defendo o que chamo de "inveja saudável", ou seja, cada governante se preocupando em fazer melhor que o seu antecessor.

E o tão decantado poder econômico, como o senhor vê essa questão nestas eleições?
Isso é uma coisa que deve ser combatida e retirada de vez do cenário político alagoano. A visão monetarista de achar que em política tudo se resolve com dinheiro é extremamente maléfica. Se você faz algo sem idealismo só porque tem ou quer dinheiro, não serve para nada. É uma visão de que as pessoas podem se aproveitar do Estado. Se nós deixarmos que o poder econômico subjugue o poder político, não teremos nenhuma chance de mudança. Eu sempre digo que ser político é cuidar de gente. E gente não precisa de assistencialismo, nem clientelismo e muito menos ser corrompida. Gente precisa de vida digna.

Uma experiência no campo privado habilita qualquer pessoa a administrar um Estado, a ser um governador?
Não se trata de algo simplista assim. O privado não é igual ao público. No primeiro eu administro de acordo com a minha vontade, com as minhas idéias, com a minha intolerância ou mania, porque é algo que me pertence, e sobre o qual eu exerço total poder e posso administrar da forma que me der na cabeça. Na esfera pública não. Aqui nada me pertence. Eu tenho um mandato que o povo me deu e tenho que saber lidar democraticamente, com idéias antagônicas, harmonizar posições, aceitar os melhores projetos, atender às reivindicações da maioria. Sobretudo, ter uma personalidade que agregue, que some, que compartilhe, que tolere. É muito diferente uma coisa da outra.

Alagoas corre o risco de retroceder em avanços conquistados nos últimos anos?
Claro. Esse tipo de gente, além de não ter essa visão pública que citei antes, é intolerante com os movimentos sociais e não sabe ouvir a sociedade. A nossa vitória vai sepultar de vez esse tipo de prática. Passamos o período dos "salvadores da pátria", que se elegiam prometendo, num passe de mágica, mudar a vida do povo. Foram experiências amargas de falsas promessas.

Todos sabem da vocação de Alagoas para o turismo, mas até agora não atingimos uma posição sustentável nessa área fundamental. Como fazer isso virar realidade de uma vez por todas?
Não adianta apenas vendermos nossas belezas. Precisamos criar a estrutura necessária. Isso inclui cursos técnicos para formação de mão de obra, novos empreendimentos hoteleiros, saneamento básico – que falta em 80% da cidade de Maceió. É muito investimento e responsabilidade. O projeto nesse sentido é de no mínimo 20 anos; é um compromisso do Estado e não de um governo. A periferia de Maceió tem de ser tratada com saneamento básico e pequenos projetos que gerem crescimento e inclusão social. Devemos pensar nos micro e nos macro projetos. Somos o País das grandes obras inacabadas, quando muitas vezes as pequenas podem resolver o problema. A saída para nosso estado é o turismo, mas vamos ter que investir e nos preparar para isso.

Como o senhor avalia os números das pesquisas eleitorais aqui no Estado?
Aqui e em qualquer lugar, pesquisas de opinião devem ser avaliadas de forma crítica. Nem ser otimista quando se está na frente, nem pessimista quando é o contrário. É um dado que faz você trabalhar mais. Nós nos pautamos pelo nosso trabalho, pelas nossas alianças, pelos nossos candidatos. Ao contrário da outra candidatura, que é um festival de abuso de recursos financeiros. Os que se comportam usando o dinheiro como argumento principal vão ter uma surpresa desagradável. O eleitor nos acompanha no rádio, na TV, nas caminhadas, nos comícios e sabe com quem está a verdade. Queremos o voto consciente, sem nenhum tipo de coação. Queremos ganhar e vamos ganhar com uma votação consagradora. A população não vai se dobrar; Alagoas não vai ser comprada!

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