A mesa diretora da Assembléia Legislativa de Alagoas está sendo investigada pela Polícia Federal e o Ministério Público Federal, no rastro da operação desencadeada em Rondônia e no Espírito Santo, onde foram presos parlamentares, juizes, funcionários públicos e empresários.
A informação é de um integrante do Núcleo de Combate ao Crime Organizado no Estado, ao confirmar a veracidade da informação divulgada pelo colunista Cláudio Humberto Rosa e Silva, que assina uma coluna nacional reproduzida em 30 jornais. “Infelizmente, não podemos dar detalhes porque o inquérito corre sob segredo de justiça”, observou.
Formação de quadrilha
A Assembléia Legislativa de Alagoas foi colocada sob suspeita, depois que testemunhas que depuseram no inquérito que apura as ações do crime organizado, apontaram três deputados estaduais como chefes de quadrilhas que matam, assaltam, roubam carros e seqüestram no Estado.
Das quatro testemunhas uma foi assassinada dentro do presídio (Fernando Fidelis), outra (Carioca) fugiu do presídio e não foi recapturado até agora, e as duas restantes deixaram o Estado. São elas: o ex-soldado PM Garibaldi e Dalva Carolina Peixoto, namorada do pistoleiro Cícero Belém, assassinado no ano passado.
A PF e o Ministério Público Federal investigam se há “formação de quadrilha” dentro da Assembléia Legislativa, isto, a partir de denuncias sobre a “caixa-preta” que envolve o duodécimo da Casa. De acordo com as denúncias, sumiram R$ 9 milhões e a Mesa Diretora não se pronunciou até agora.
Aprova apuração
O deputado Paulão (PT), único que protocolou o pedido de transparência na aplicação dos recursos financeiros da Assembléia Legislativa, lembrou que o duodécimo era de R$ 4,5 milhões, exatamente a metade do valor desviado. Mas, apesar do duodécimo ter sido duplicado, a Assembléia alagoana está inadimplente com as companhias de água, de luz e de telefone.
“O mais grave é que, no caso do débito com o telefone, o dinheiro foi descontado dos salários dos servidores, mas não foi repassado à empresa telefônica, conforme havia sido combinado”, completou.
“Quando a deputada Ziane Costa era presidenta da Casa eu sugeri que cada deputado tivesse acesso ao Siafem (sistema que controla receita e despesa no serviço público). Cheguei a ir à Secretaria da Fazenda para facilitar a instalação do programa nos computadores de cada um dos deputados, mas, infelizmente, essa providência não foi adotada, de modo que ninguém sabe como o dinheiro da Assembléia é gasto. Só quem tem acesso é o presidente da Casa”, acrescentou Paulão.
CPI da Pistolagem
De acordo com o membro do NCCO, o trabalho realizado pela CPI do Narcotráfico e a CPI da Pistolagem serviu como ponto de partida para se aprofundar as investigações; no caso de Alagoas, que se assemelha ao que ocorreu no Espírito Santo, as investigações devem chegar à Assembléia Legislativa por associação, ou seja, as testemunhas que depuseram sobre roubo de carros, assaltos, seqüestros e assassinatos apontaram os nomes de quatro deputados estaduais como os chefes.
O precedente, com a descoberta da CPI do Narcotráfico sobre depósitos realizados em contas bancárias no exterior, serve de base para se investigar o sumiço de R$ 9 milhões. O deputado Paulão não descarta a possibilidade de o dinheiro ter sido “rateado” para financiar candidaturas. “Tudo é possível, por isso é importante que se investigue com isenção e a Polícia Federal tem como fazer essa investigação com total isenção”, concluiu.