Clima de tensão em acampamento sem-terra segue até amanhã

O clima de tensão no acampamento Lucena, em Porto de Pedras, permanece até amanhã quando está agendada uma reunião entre a superintendência do Incra em Alagoas e a presidência nacional do órgão, para resolver o impasse das terras.

De acordo com o superintendente do instituto em Alagoas, Gilberto Coutinho, o Ouvidor Agrário Nacional, Gercino José da Silva, conseguiu a suspensão temporária da reintegração de posse.

“Amanhã nos reuniremos em Brasília com o ouvidor agrário, o juiz que expediu a reintegração, o presidente nacional do Incra e os trabalhadores para resolver a questão da fazenda Lucena. Manteremos o acordo firmado ontem com as famílias e levaremos a questão à Brasília”, explicou Coutinho.

Equipes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) e da Polícia Federal continuam no local. Segundo a assessoria de comunicação do Incra, as equipes policiais foram deslocadas para o acampamento depois que a ouvidora agrária estadual, Katiúscia Mendes, foi feita refém dos trabalhadores.

A presença da polícia causa um clima de tensão entre as 45 famílias do acampamento. Desde a noite de ontem, sem terras de outros acampamentos se deslocam para a fazenda Lucena em solidariedade aos trabalhadores que decidiram resistir à reintegração de posse, que estava para ser cumprida hoje.

De acordo com a representante da Comissão Pastoral da Terra (CPT) que estão no local, irmã Cícera, as famílias dispostas a resistir caso as equipes da Polícia Militar e Federal que estão próximas ao local invadam o acampamento.

“Eles estão dispostos a lutar pela terra e por este motivo estão se juntando forças com outros companheiros de luta. Eles afirmam que só deixam as terras em caixões”, completou.

Segundo o comandante do Centro de Gerenciamento de Crises da PM, coronel Adilson Bispo, uma equipe está no local para mediar a negociação, mas os trabalhadores estão dispostos a permanecer no acampamento.

Acampamento

Com 393 hectares, a fazenda Lucena foi desapropriada pelo Incra em novembro de 2002 e desde então as famílias aguardam a emissão de posse. Na mesma época, o superintendente interino, Jorge Tadeu, afirmou que o depósito já havia sido feito em juízo para aquisição do imóvel, mas que o processo se encontrava na justiça federal para emissão da carta precatória.

A CPT divulgou em nota que neste período de espera da emissão de posse, as famílias do acampamento sofreram diversos tipos de agressão do proprietário da fazenda, como ameaças de morte, encapuzados ateando fogo nos barracos, animais soltos propositadamente que destruíram as roças dos camponeses e perseguições.

com informações da CPT

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