Meu deputado se vendeu por uma Lyra

O monstro existe e é arretado, e tá doido pra transar comigo, dizendo que você dorme de tôca e lhe fatura em cima do inimigo. O monstro, que Raul Seixas cantou, não é nada concreto, não tem rosto nem identidade, mas existe, é arretado e transou com meu deputado. Caros internautas, devo dizer-lhes que meu deputado fez bom negócio.

Imaginem que, na eleição passada, meu deputado tinha discurso bonito e inflamado; era um ativista de esquerda que desnudava de público os políticos com os quais debatia, cobrando-lhes ética, honestidade e lisura. Comprar votos? Never! Jamais! Meu deputado era um homem sério, querendo fazer uma política séria, conscientizando o eleitorado para que não vendesse o voto.

Deu-se então o seguinte: o concorrente apareceu feito paraquedista distribuindo "onças" pintadas em cédula de real, enquanto meu deputado distribuia "santinhos" já encardidos, com uma foto ridicula e frases chinfrins apregoando que ele era o candidato certo. Não era; perdeu a eleição porque o eleitorado optou pela "onça" pintada na cédula de real.

Na eleição este ano, meu deputado trocou os "santinhos" pela "onça"; vendeu-se por uma "Lyra" e acho que fez bom negócio, uma vez que todos o apontam como eleito. Para os que o censuram por ter se vendido, eis a questão: onde arranjar "onças" se a paróquia está quebrada?

O monstro que o Raul Seixas cantou não tem identidade nem rosto, mas tem poder; trata-se do "sistema" que pode ser individual e coletivo, dependendo das circunstâncias. E não há quem possa enfrentá-lo, porquanto é abstrato; é invisível de tão dissimulado, logo, meu deputado deve ter feito mesmo um bom negócio ao se vender.

Alagoas tem 3 milhões de habitantes, dos quais mais da metade vive às custas de Deus e o restante às custas do erário federal, estadual, municipal e do comércio – este com o subgrupo da informalidade: churrasquinho-de-gato, caldo de cana sob rodas, picolé Caicó, etc. Em ano de eleição, os que vivem às custas de Deus aproveitam para faturar o extra – cimento, telha, tijolo, "pererecas", sapatos, dinheiro, etc.

O restante que vive às custas do erário também se aproveitam para garantir promoção – cargo de chefia, cargo de comissão, etc. Estes são baratos para o candidato, pois a conta quem paga é a "viúva" federal, estadual e municipal. Os do comércio também se aproveitam para resolver as pendências, sobretudo com o Fisco federal, estadual ou municipal – em ano de eleição é assim; é o momento de arrumar algo, seja em espécie ou em favores.

Logo, meu deputado fez um bom negócio ao se vender; e isto, sem falar do "samba do criôlo doido" em que se transformou o pleito majoritário em Alagoas este ano. Renan Calheiros é do PMDB que apóia Lula, Ronaldo Lessa é do PDT e Téo Vilela do PSDB, que têm candidatura próprias à presidência. Deu-se o caso de quando a coligação de fato supera a de direito, sendo assim, burla-se a lei às barbas da justiça.

Raul Seixas foi devorado pelo monstro porque não quis transar com ele; optou pela "Sociedade Alternativa" numa metamorfose que não conseguiu completar. Mas, admitiu: "A arapuca está armada/ E não adianta de fora protestar/ Se você quiser entender o jogo dos ratos/ De rato você tem que transar/ Raul Seixas e Raulzito/ Sempre foram o mesmo homem/ Mas para aprender o jogo dos ratos/Transou com Deus e com o lobisomem.

E aí, caros internautas, meu deputado fez ou não fez um bom negócio ao se vender por uma "Lyra"?

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