Collor com os pés no chão

Collor faz caminhada amanhã pelo conjunto Virgem Pobres
Collor faz caminhada amanhã pelo conjunto Virgem Pobres

A corrida eleitoral em Alagoas ganhou um novo prumo, como se diz na gíria da política. A entrada do ex-presidente Fernando Collor de Mello (PRTB), para disputar a única vaga destinada ao Senado, criou uma série de especulações. Collor estaria com João Lyra? Collor teria feito um acordo com o também candidato Thomaz Nonô (PFL)? Collor entrou por saber de mais sobre o processo contra o ex-governador Ronaldo Lessa (PDT), que lidera em todas as pesquisas de opinião pública divulgadas até agora?

Collor virou uma celebridade no universo da política brasileira e, no discurso, impôs seu jeito de atrair as atenções e chegou ao cargo maior: a presidência da República, capitaneando o nanico PRN.

Sem entrar nas polêmicas que cercam o nome do ex-presidente, praticamente sem nenhuma prova confirmada, não vale insultar novas suposições a respeito.

Mas Collor, que confidencia aos amigos mais íntimos que o sangue da política corre em suas veias, não suportou a pressão interna de ficar de fora do pleito eleitoral deste ano. Muito se falou até a última quinta-feira, quando o presidente do PRTB alagoano, Eraldo Firmino, registrou a candidatura de Collor ao Senado.

Jogo de bastidores

Especulavam que Collor seria o plano “B” do deputado federal João Lyra (PTB), candidato ao governo do Estado; também se comentou que Collor disputaria a Câmara Federal e arrastaria pelo menos mais dois da sua coligação. Não se sabe se eram especulações ou se montaram um plano “B”, sem o conhecimento da “grande estrela das especulações – o próprio Collor”.

Desde o início os mais chegados ao ex-presidente eram unânimes “em off” de que Collor seria candidato a alguma coisa. Sabe-se, com o aval de alguns chegados do candidato ao Senado que “Elle” queria mesmo era disputar o governo de Alagoas, nunca a Câmara e, em último caso, o Senado. Não apenas porque o principal adversário seria Ronaldo Lessa, que o derrotou para o governo e lidera em todas as pesquisas.

“Ele esperou de mais por uns que diziam ‘vamos marchar juntos’. O tempo passou e nada, do que foi combinado, foi cumprido. O Collor tem seu valor, suas vontades e uma determinação de mostrar seu potencial, que foi interrompido num golpe inescrupuloso. Ele sabe o que faz e o povo de Alagoas é quem melhor poderá julgá-lo”, diz um amigo e fiel escudeiro do ex-presidente.

Gastos

Quanto às despesas da campanha, como consta no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a candidatura de Collor será de “pés no chão”. Em relação aos principais adversários ele é, de longe, o que menos pode gastar. Confira:

Otávio Cabral (PSOL) – R$ 300 mil
Alfonso Dacal (PSDC) – R$ 500 mil
José Maria (PAN) – R$ 500 mil
Fernando Collor (PRTB) – R$ 1 milhão
Armando Lobo (PTN) R$ 2 milhões
José Thomaz Nonô (PFL) – R$ 3 milhões
Galba Novais (PL) R$ 5 milhões
Ronaldo Lessa (PDT) – R$ 6 milhões

Os pés no chão

De tanto esperar, mesmo ciente de que participaria do pleito, Collor acabou ficando só, pelo menos politicamente. Neste período de incertezas, sobre sua candidatura, muito se falava do poderio financeiro do ex-presidente para disputar uma eleição sem o apoio dos principais focos do capitalismo no Estado.

Após ter sua candidatura confirmada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-AL) o candidato ao Senado disse, em entrevista exclusiva ao jornalista Roberto Vila Nova, aqui no Alagoas24horas, que sua candidatura é puro-sangue e independente. E é. Collor não está com ninguém para o governo e ainda contabiliza adesões oriundas de todos os lados.

O deputado Cícero Ferro (PMN), candidato à reeleição, é o único parlamentar, pelo menos publicamente, a encampar a candidatura de Collor. “Vários prefeitos, ex-prefeitos, deputados, ex-deputados e muitas lideranças estão vindo para apoiar o Collor, que vai ganhar a eleição”, disse Cícero Ferro, durante pronunciamento na Assembléia Legislativa, há 20 dias.

O gui eleitoral

Na primeira aparição no guia eleitoral, ontem, Collor teve apenas 50 segundos para matar a curiosidade de quem esperava pelo pronunciamento do candidato que, em síntese, usou o mesmo discurso que o ajudou a chegar à presidência da República: Não me deixem só… eu preciso de vocês.

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