Meus pêsames, pobre CSA rico

Faz tempo, mas parece que foi ontem; seu Antônio era o administrador do campo e a mulher dele, dona Maria, cuidava das tarefas domésticas e do time – lavava roupa, passava a ferro e, nos dias de jogos, vendia “raspadinha” e laranja.

Os filhos de seu Antônio e de dona Maria nasceram no campo; nasceram na casa grande que servia de residência para o casal e de vestiário para o time. Ali, no Mutange, quando não se jogava bola ia-se à lagoa, ao mangue, capturar goiamuns em ratoeira feitas com lata de óleo comestível – tipo Salada ou o mais famoso da época: óleo São Benedito.

E os filhos de seu Antônio e de dona Maria nascidos no campo e feitos, como os meninos da época, no mangue, foram jogadores de futebol – e teriam mesmo de ser; e levaram consigo as marcas telúricas – o mais velho foi o Mané Caranquejo, o do meio o Jorge Siri e o terceiro dos quatro homens, Peu, saiu direto para o Flamengo, do Rio.

Até então, só o Dida havia deixado o clube e se transferido direto para o Flamengo; isto na década de 1950.

O CSA faz parte da nossa história como moleque nos bairros do Bom Parto; o Estádio Gustavo Paiva, mais conhecido como Mutange, era uma extensão dos nossos quintais. Quando o treino dos profissionais acabava, a gente entrava em campo querendo imitar os ídolos – não parece, mas o CSA já teve ídolos.

Eram todos dali mesmo, ou melhor, eram conhecidos: o goleiro Lula, irmão do ex-vereador João Boleado; Lula foi apelidado de “monstrinho” pela imprensa pernambucana – ele saiu do CSA para o Náutico, daí para o Corinthians paulista e,em 1966, convocado para a Seleção Brasileira.

O Gernan, que morava no Alto da Conceição, em cima do morro que divide o Farol do bairro do Bom Parto; era lateral direito e também saiu do CSA para o Náutico.

Machado, que também morava no Alto da Conceição; era ponta-direita e encerrou a carreira na Bahia. O Clóvis, um negrão gentleman, funcionário do Sesi e artilheiro. O Paranhos, que jogou e foi campeão pelo São Paulo; Zé Preta, que jogou pelo Vitória da Bahia.

O Flávio, lateral; o Gerson Gereba, goleiro; o Roberto Mendes, o Eromir, ponta-esquerda (pai do ator Global Eron Cordeiro) e não-sei-quantos mais que nos embalavam nas tardes de domingo.

Hoje, ao completar 93 anos de fundação, tudo acabou; o CSA não tem mais time, não tem mais ídolos, não tem mais nada. Daquele passado de glória, sequer os troféus restaram; a galeria com a história do clube está numa parede com quadros de um time que, um dia, teve honra e glória.

Como entender que o único clube brasileiro que recebe “royalties” pela exploração de minérios no subsolo do seu campo; o único clube de futebol no Brasil que tem renda mesmo sem entrar em campo, como entender que o CSA viva sempre na pindaíba? Que não ganhe nada?

No 7 de setembro, quando o CSA completa 93 anos de fundação, não sei se devo dar parabéns ou pêsames.

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