Alagoas: um Estado (quase) Emancipado

São 189 anos de “emancipação”; somos o único Estado que foi emancipado – os demais foram conquistados a ferro e fogo; ou viraram Estado por exigência géo-política-econômica, tais como: Mato Grosso do Sul e Tocantins.

Muitos historiadores sustentam que a parte Sul da Província de Pernambuco, a partir do Rio Persinunga até o Rio São Francisco e daí até a divisa com o Rio Moxotó, a Oeste, fatalmente seria independente. São historiadores competentes, dos quais ouso discordar pela carência de provas concretas – todos se baseiam em suposições.

A verdade é que, em 1817, quando estourou a revolução republicana em Pernambuco, esta parte ao Sul da Província sob a jurisdição do ouvidor Antônio Ferreira Batalha não aderiu; manteve-se fiel à corte. Mas, não há provas de que o ouvidor agiu politicamente para tornar esta parte da província independente; pelo contrário.

Ainda que o ouvidor tivesse adotado a providência de subordinar sua comarca à Bahia, rompendo a submissão a Pernambuco, o Estado de Alagoas foi o prêmio da corte à lealdade do ouvidor e de seus seguidores. E como prova de que não havia movimento político pela independência, na ausência de lideranças quem assumiu o comando do Estado foi o visconde de Sinimbu – filho de heróis republicanos; a mãe é a primeira mulher alagoana (e brasileira) a comandar uma guerra contra a Monarquia.

Caros internautas, os paradoxos de hoje não devem mais nos surpreender; imagine que, em 1817, um republicano assumiu o comando político de um Estado criado como prêmio pela lealdade à Monarquia.

Quando hoje assistimos as trapalhadas políticas o que fica de reação leva à resignação – é isso mesmo; está no genes político. Depois de 189 anos ainda continuamos dependendo da cana-de-açúcar e, este ano, vamos ter de escolher entre dois senhores de engenho – um mais velho o outro mais novo, mas ambos moem cana.

189 anos noves fora nada

Se as antenas em cima dos morros não mostrassem que a televisão, o rádio, a internet e a telefonia celular já chegaram; se os carros luxuosos que circulam na beira-mar; se a beira-mar ainda fosse de coqueirais e estradas de barro; se uma coisa ou outra não tivesse se instalado aqui por ação da revolução tecnológica, o que teria mudado em Alagoas depois de 189 anos?

Mas, não podemos nos queixar; nesses 189 anos tivemos os dois militares mais influentes na Monarquia; depois esses dois militares traíram o imperador Pedro II e proclamaram a República, tornando-se os dois primeiros presidentes da República.

Na década de 1930 até o final da década de 1940 o militar mais poderoso do Brasil foi o alagoano Góes Monteiro. Tivemos outro presidente da República, que durou dois anos no cargo; temos o presidente do Senado, da Câmara, o vice-presidente da Câmara, o presidente do TCU…não podemos nos queixar mesmo.

Depois de 189 anos e de tantos alagoanos no poder, permanecer dependendo do senhor de engenho só pode ser praga. E ocupar 27 mil quilômetros quadrados, possuir 91 lagoas, contando com o Rio São Francisco, e ter a maior reserva de gás natural dissociado do petróleo nada valem, pois praga é praga.

Caros internautas, são 189 anos e o que nos separa de Francisco de Melo Póvoas, o primeiro governador, é uma simples viagem no tempo – a economia é a mesma, a política é a mesma; só a população se renovou, mas acaba mesmo vivendo como nossos pais.

Bom, uma vez criado, ainda que pelo ato inusitado, resta cultuar o que foi Emancipado e saudar o gesto. Ó, Estrela Radiosa, iluminai os políticos para que eles não roubem também nossa esperança.

E que não nos deixem amanhã como herdeiros das virtudes que perdemos.

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