Manoel Carlos é obrigado a abandonar o lar

Alagoas24HorasAlagoas24Horas

A personagem principal desta história é Manoel Carlos, mas não possui nenhuma relação com o autor de novelas da Rede Globo de Televisão. Ao contrário da notoriedade do primeiro, este Manoel Carlos, de 43 anos, pai de quatro filhos, hoje pela manhã foi obrigado a recolher os seus poucos pertences e deixar seu barraco construído no Loteamento Santa Lúcia, no bairro do mesmo nome.

A ação contou com a presença de 300 homens do 1°, 4° e 5° Batalhões da Polícia Militar, Bope, Cavalaria, Rádio-Patrulha e corpo médico e foi determinada pelo juiz da 12ª Vara Cível, Gustavo Souza e Lima, que exigiu o cumprimento da ação de reintegração de posse em favor da Santa Lúcia Imóveis, detentora da área de 2.500m².

As invasões começaram a ocorrer em novembro do ano passado e segundo Vanildo Rufino, representante da imobiliária, os invasores foram informados à época que a situação era irregular e que a empresa iria adotar as medidas legais para retirá-los de lá.

Desde então, aproximadamente 40 famílias se instalaram no local e deram início à construção de suas casas. Trabalhando como catador de papelão e pai de quatro filhos, a mais nova com apenas dois meses e o mais velho com 11 anos, Manoel Carlos Pereira da Silva viu ali a possibilidade de conquistar um teto para abrigar a família.

O sonho foi desfeito com a chegada do aparto policial. A batalha judicial já perdurava há aproximadamente seis meses, entre negociações com a Polícia Militar, a Justiça e o proprietário do terreno.

Hoje, segundo o tenente-coronel Luciano Silva, apenas dez famílias permaneciam no local, apostando na possibilidade de receberem do poder público a atenção que reivindicam há tempos. Mas a aposta mostrou-se ineficaz. Não fosse a iniciativa do proprietário do terreno de fornecer caminhões para a remoção dos pertences dos desabrigados, eles sequer teriam como sair de lá.

Os filhos do seu Manoel foram encaminhados pela secretária de Direitos Humanos, Magali Pimentel, para serem atendidos pelo projeto Acolher Cidadão. Entretanto, seu Manoel ainda não sabia para onde iria.

Os demais moradores, a maioria oriunda do interior do Estado, estavam desnorteados e no primeiro momento falavam em voltar à mendicância e se instalar “em qualquer lugar”, já que os parentes instalados na capital vivem em condições tão precárias quanto eles mesmos.

A história do Manoel Carlos de Maceió, pobre, desinformado, desamparado é ainda mais traumática porque é semelhante a de quase todos os moradores que vivem em situação de risco e abando em qualquer grande cidade do país e o poder público parece não encontrar saídas eficazes para minimizar os efeitos desta tragédia.

Veja Mais

Deixe um comentário