Manifesto da frustração suprapartidária

Fui acordado com o telefonema de um colega convidando-me para a solenidade de entrega à Justiça e à Polícia Federal do manifesto suprapartidário contra a violência em Alagoas. Alvíssaras! Pensei.

Que nada. Pensei que o manifesto pedia a vinda para Alagoas da Força Tarefa da Polícia Federal que atuou no Espírito Santo e em Rondônia e frustrei-me; o documento é um blábláblá que não diz nada e não pede muito para não atirar no próprio pé.

Pensei que o documento pedia a punição para os matadores do filho do seu Sebastião, do “Baré-Cola”, do prefeito de Roteiro e seus dois assessores. Que nada; nem tocaram no assunto.

Assinaram o documento o PMBB, o PSDB, o PT, PCdoB, o PPS, o PDT e novamente me frustrei pois esperava que esses partidos produzissem algo substancioso e contundente; afinal, em Alagoas aconteceu e acontece coisas piores do que ocorreu no Espírito Santo e Roraima – e continuará acontecendo porque esses partidos não pediram a vinda da Força Tarefa da PF.

Por exemplo: qual o Estado da federação que tem dois deputados estaduais sendo processados por homicídio? Qual Estado da federação já contou cinco cadáveres antes de contar os votos? Enh? Tem outro além de Alagoas?

E o que querem mesmo esses partidos com tal documento? Na verdade, o alvo deles é o Collor. Isso mesmo; produziram um arrazoado contra o ex-presidente e pedem garantia contra fraude. A experiência aconselha duas coisas: 1) Eles estão procurando uma desculpa para o caso de o Collor se eleger senador; 2) Eles estão armando alguma coisa.

Longe de mim a idéia de considerar Collor um santo, mas longe também a diferença que os apaixonados anti-Collor fazem quando falam de corrupção; não há o mais ladrão ou o menos ladrão – há o ladrão.

Igualmente não há o mais corrupto e o menos corrupto – só existe o corrupto, qualquer que seja o gênero, número e grau.

Pelo que está na história, o único presidente da República que antes de deixar o cargo teve de se blindar com uma lei para escapar das investigações do Ministério Público foi outro Fernando – o Henrique Cardoso.

Depois de tanta patifaria impune e de tanta enganação, não dá mais para ludibriar ninguém; o manifesto suprapartidário peca por excesso e por falta. Por excesso por chegar à alucinação e por falta porque não trata do problema real em Alagoas.

Caros internautas: o único inimigo de Alagoas é essa omissão (ou será conivência?) que está levando à constatação de que aqui o crime compensa. O documento suprapartidário é frustrante por isso – cinco cadáveres não bastam para eles pedirem ajuda à Força Tarefa da Polícia Federal.

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