Turismo comunitário (II)

O turista não vem a Alagoas atrás de grandes Resorts; ele quer o abrigo natural de nossas vilas, povoados, praias e restingas. Ele quer um céu estrelado, um luar de prata sobre os corais do mar, uma comida caseira e uma pousada simples e acolhedora para relaxar.

Contudo, se o poder público não traçar um plano estratégico no sentido de desenvolver destinos para este tipo de turismo alternativo e consolidador da economia regional, não iremos conseguir chegar lá.

De início, faz-se necessário um grande fórum de debates envolvendo órgãos como o DENOCS, PRODETUR, IBAMA, DFA e o DPU. E neste fórum discutirem-se questões relacionadas ao combate à especulação imobiliária, regularização fundiária, transporte, e espaço costeiro garantido para as populações tradicionais, previsto no Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro.

Fundamental também é criar-se um fundo especial de apoio à pesca artesanal sustentável, bem como um serviço técnico de extensão pesqueira, pensando-se, inclusive, na questão da ordenança da pesca.

O semi-árido também deve ser incluído neste projeto, explorando-se o potencial de uma região e de um povo que possui costumes próprios e um artesanato original; além de sua culinária e sua história de lutas com seus guerreiros, beatos, cangaceiros e seus poetas cantadores da vida e da árdua sobrevivência nos sertões.

Um projeto para esta região deve ser incluído o combate à desertificação das caatingas, a criação de cisternas artesanais e a proteção da agricultura familiar contra a febre dos transgênicos. Será um desafio extraordinário poder incluir cada vez mais o sertão nos roteiros turístico, mas, será compensador porque é no sertão onde está realmente o forte da nossa cultura nordestina. Lá o turista encontrará o fascinante mundo da originalidade e o verdadeiro Brasil, o que para eles é fundamental e só o que interessa, ou seja, ver o diferente.

Romper com a hegemonia no desenvolvimento do turismo significa não aceitar restaurantes, hotéis e pousadas que não pertençam aos moradores locais. Este é o turismo que está na moda no Brasil e principalmente no exterior.

Notadamente aqui nos Estados do Ceará e do Rio Grande do Norte, já foi dado o pontapé inicial com várias cidades, assentamentos rurais, vilas e comunidades costeiras envolvidas neste grande projeto. Há inclusive prêmios e reconhecimento internacional para estes destinos de turismo comunitário, como por exemplo, a Prainha do Canto Verde em Beberibe-CE.

Já são inúmeros destinos alternativos nestes dois Estados. E diferenciar nesta área daqui pro futuro, significa inclusão social, desenvolvimento sustentável e erradicação da pobreza. Assim, desejamos que Alagoas desperte para este novo mercado turístico.

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