Emissoras de televisão do Congresso Nacional, das assembléias legislativas, TV Nacional e TVs educativas e comunitárias de todo o país estão envolvidas hoje numa cruzada em defesa da qualidade da programação.
Por iniciativa da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, é realizada neste domingo a terceira edição do Dia Nacional Contra a Baixaria na TV, com foco na publicidade para crianças e adolescentes.
Como parte da programação de hoje, as TVs Nacional, Câmara e NBR vão transmitir, às 14 horas, um debate sobre a publicidade para crianças e adolescentes. Participam do programa o coordenador da campanha na Câmara dos Deputados, Orlando Fantazzini (P-SOL-SP), o diretor de Justiça e Classificação do Ministério da Justiça, José Eduardo Elias Romão, o diretor da Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi), Guilherme Canellas, e o representante da executiva nacional da campanha Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania, Ricardo Moretzsohn.
O objetivo, conforme explicou Fantazzini, é conscientizar a população para que participe do processo de construção de uma TV comprometida com a ética,a qualidade e a diversidade. Em entrevista à Rádio Nacional AM, ele reafirmou que “quem financia a baixaria é contra a cidadania” e por isso é preciso que a sociedade discuta os problemas que a propaganda direcionada podem acarretar para o desenvolvimento cultural, intelectual e de saúde das crianças.
Presente em mais de 20% do horário diário da TV, a publicidade está fora dos princípios formadores de educar, informar e divertir, de acordo com o deputado paulista. Essa, segundo ele, é a razão da necessidade de um debate minucioso sobre a regulamentação da propaganda direcionada à criança, ao mesmo tempo em que o Congresso busca o envolvimento da sociedade civil organizada para aprovar o projeto de regulamentação, em tramitação na Câmara.
Fantazzini mencionou avanços conseguidos nas campanhas iniciais contra a baixaria na TV, a começar pela retirada de patrocínio, e até mesmo do ar, de programas de gosto duvidoso, com afronta e desrespeito ao ser humano. Na sua opinião, agora chegou a vez de atacar a publicidade, principalmente aquela mais danosa às crianças, que visa a estimular o uso de bebidas alcoólicas, o consumo de alimentos rápidos (fast food) que fogem aos padrões de qualidade para a saúde e que despertam o desejo subliminar pelo consumismo.
No seu entender, o consumismo exacerbado pode gerar visão distorcida da realidade, uma vez que “essas propagandas querem fazer da criança um consumidor em potencial para o resto da vida, um cliente fixo, ao longo dos anos, impondo valores do que ela vai ser mais tarde – se tiver determinado produto, vai valer mais na sociedade. A propaganda trabalha muito com o imaginário para estimular a garotada, e precisamos ter todo o cuidado no trato dessa poderosa ferramenta”.