Os bancários de instituições privadas e da Nossa Caixa aceitaram hoje a nova proposta da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) e encerraram a greve. Os funcionários da Caixa Econômica Federal (CEF) e do Banco do Brasil (BB) decidiram recusar a proposta e permanecem parados.
A nova oferta da Federação, feita hoje de manhã numa reunião com o Comando Nacional dos Bancários, prevê um reajuste de 3,50%, apenas 0,65 ponto porcentual acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) que, segundo estimativas, deverá fechar o ano com variação de 2,85%.
A principal novidade foi a mudança da parcela adicional da Participação nos Lucros e Resultados (PLR). Os bancos aceitaram tirar 8% da variação entre o lucro de 2005 e 2006 e dividir igualmente entre os bancários, pagamento limitado a até R$ 1,5 mil.
Há uma variável na proposta posta ontem na mesa. Se o banco obtiver um lucro superior a 15% entre os exercícios, a parcela adicional não será inferior a R$ 1 mil por funcionário.
A proposta anterior, recusada pela categoria e que levou os bancários a uma greve, previa o pagamento de R$ 750 como “PLR adicional” condicionada a lucros superiores a 20% entre os exercícios de 2005 e 2006.
Na nova proposta, a chamada PLR fixa mantém-se como na anterior, apenas reajustada pelos 3,5% e não pelos 2,85%. Assim, os bancários devem receber 80% do salário e mais R$ 828.
Na proposta apresentada hoje, a Fenaban se compromete a pagar a parcela tradicional da PLR dez dias depois à assinatura do acordo. A parcela adicional será paga apenas em 2007 depois de apurado o lucro.
A oferta posta na mesa hoje pode significar um divisor de águas na história das campanhas salariais dos bancários. No novo contexto de inflação controlada perdem importância as reivindicações de grandes aumentos reais (acima da inflação) e amplia-se o espaço para a concessão de reajustes a partir das PLR.
O Comando Nacional dos Bancários não tinha, até o fechamento desta edição, informação sobre a aceitação ou não de todos os sindicatos dos bancários do País, mas a aceitação em São Paulo, onde estão 25% da categoria, deveria influir nas demais localidades.
A aceitação em São Paulo confirmou a expectativa da Fenaban. “Acho que é uma boa proposta”, disse Magnus Apostólico, negociador da Fenaban. De acordo com ele, a negociação com o comando dos bancários não foi interrompida durante a paralisação parcial dos bancários.
“Esses números (da proposta) são resultado de negociações que ocorreram ao longo dos últimos dias”, afirmou. Segundo ele, embora a greve não tenha sido forte, incomodou o conjunto dos bancos. “Ninguém gosta. Nem os bancários nem os bancos”, declarou.