Reitores e pesquisadores das universidades que formam o Ridesa – Rede Interinsitucional de Desenvolvimento do Setor Sucroalcooleiro – encerram hoje, na Serra do Ouro, em Murici, o encontro para debater o melhoramento genético da cana. Os objetivos são fazer uma visita à estação experimental e discutir a programação de pesquisas. Além das oito Universidades ( Ufal, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Universidade Federal de Viçosa-MG, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Universidade Federal de Goiás, Universidade Federal de São Carlos-SP, Universidade Federal do Paraná e Universidade Federal do Sergipe) vão participar da reunião representantes da Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – e representantes da Universidade Federal do Piauí, já que essa instituição de ensino e pesquisa também manifestou interesse em participar da Rede.
Por ser a sede de uma pesquisa científica importante para o desenvolvimento de um dos setores econômicos mais produtivos do país, envolvendo pesquisadores de oito instituições de ensino e cujos resultados já foram observados e premiados no país e no exterior, a Ufal é uma referência na comunidade científica. O Programa de Melhoramento Genético da Cana de Açucar tem como missão desenvolver variedades mais resistentes, mais adaptáveis, atendendo às exigências do setor agrícola e indústrial, o que garante a competitividade brasileira no mercado internacional.
As pesquisas foram iniciadas há 30 anos, pelo extinto Planalsucar, que atuava como setor de pesquisas do antigo IAA – Instituto do Açúcar e do Álcool. Depois, essas pesquisas foram transferidas para a Universidade Federal de Alagoas, que continuou o programa de melhoramento genético em parceria com as outras instituições que formaram a Ridesa.
Atualmente, o Banco de Genoplasma do projeto têm cerca de 2.500 genótipos diferentes de cana-de-açúcar. As sementes híbridas geram variedades que são cultivadas em 60% de todo o plantio de cana do país. São cerca de três milhões de hectares cultivados no Brasil, com variedades produzidas em Alagoas. Os resultados das pesquisas levam a um aumento de produtividade de 30%, fazendo com que produtores alcancem um melhor resultado, com menor custo. As variedades produzidas, por serem mais resistentes às pragas e às mudanças climáticas, dependem menos de insumos e agrotóxicos.
A pesquisa torna-se ainda mais fundamental com o aumento da demanda por conta das exigências de novas fontes de energia para a indústria. O etanol e as pesquisas em agroenergia aceleraram as buscas de novos materiais. Para o coordenador do Programa de Melhoramento Genético da Cana, professor Geraldo Veríssimo, a pesquisa está contribuindo com a formação de conhecimento científico nas Universidades e com a capacitação de recursos humanos especializados, “aqui no Centro de Ciências Agrárias da Ufal, nós temos 23 professores-pesquisadores envolvidos no projeto, além de auxiliares do nível médio e 38 alunos da graduação e pós-graduação”, destaca o coordenador, “isso significa uma produção importante de material científico que fica a disposição da comunidade acadêmica”, explica Veríssimo.
Estação Experimental
Através de contrato assinado em outubro de 2004, entre a Universidade e a Fundação Universitária de Desenvolvimento de Extensão e Pesquisa – Fundepes e os produtores de Cana-de-açucar de Alagoas, foi garantido um aporte de recursos maior para a pesquisa realizada pelo Centro de Ciências Agrárias da Ufal. A parceria consolidou a Estação Experimental Serra do Ouro, localizada em Murici, como referência nacional para a pesquisa de biotecnologia voltada para a criação de variedades utilizadas por plantadores de todo o país. O pesquisador Geraldo Veríssimo, do Centro de Ciências Agrárias, coordenador do Projeto de Melhoramento da Cana de açúcar, destacou que desde a fundação da estação experimental, em 1969, foram produzidas mais de 55 variedades. Os estudos experimentais para obtenção de uma variedade cada vez melhor levam em torno de 15 anos. Uma das variedades mais cultivadas no norte e nordeste é a RB-579, mas existem outras que também são aprovadas por pesquisadores e produtores de todo país, num reconhecimento à excelência em biotecnologia alcançada pela Universidade Federal de Alagoas.
A Serra do Ouro, em Murici, por suas condições de clima e solo, é uma área privilegiada para realização dos cruzamentos genéticos, porque nessa região há um florescimento intenso das plantas, que viabiliza os cruzamentos genéticos.