Defesa Social fala sobre morte de seqüestrador de Malu e mostra corpo no IML

SDSPolícia apresentou pistola supostamente utilizada por Cow

Polícia apresentou pistola supostamente utilizada por Cow

A cúpula da Secretaria de Defesa Social e a Polícia Federal em Alagoas se reuniram – na manhã de hoje – para falar detalhes sobre a operação que culminou com a morte de José Joaquim Lins Neto, o Cow, suspeito de comandar o seqüestro da garota Maria Luiza Nogueira, a Malu, de apenas dois anos de idade.

Cow foi morto após – conforme o secretário de Defesa Social, coronel Ronaldo dos Santos – reagir à voz de prisão dada pela Polícia Civil. “Primeiro atiramos no pé, como estabelece as normas, para tentar imobilizar o criminoso. Como ele continuou a disparar, os homens da Polícia Militar o acertaram no peito”, colocou Ronaldo dos Santos.

Para comprovar que Cow foi morto por apenas dois disparos, feitos por policiais militares, o secretário mostrou fotos feitas do corpo do acusado, enquanto estava no Instituto Médico Legal (IML) e disse que o laudo cadavérico será mostrado à imprensa alagoana.

Ronaldo dos Santos informou ainda que a operação que culminou na morte do suposto seqüestrador durou cerca de três horas, começando às 14 horas, quando as equipes das polícias Militar e Federal chegaram à cidade de Matriz de Camaragibe, distante 78 quilômetros de Maceió. Cow estava escondido em uma região conhecida como Bom Jesus, no Conjunto Cícero Cavalcante.

Às 17 horas – segundo relato do secretário – houve o enfrentamento com a Polícia Militar. “Nós queríamos prendê-lo com vida. Não é nosso objetivo matar delinqüentes, mas entre eles e os nossos homens, que morram os bandidos”. O corpo de Cow foi liberado na manhã de hoje e será sepultado no município de Paripueira.

Ronaldo dos Santos destacou que a Polícia Militar ainda tentou socorrê-lo, mas ao chegar no pronto-socorro mais próximo, em Paripueira, foi constatado o óbito. “Neste momento, nós acionamos o IML”. O coronel revelou que não foi feito perícia no local da morte do seqüestrador.

Cow chegou a usar nomes falsos, como o de Cláudio dos Santos, por exemplo. Cow era pai de uma garota de dois anos de idade, a Luana, que durante o seqüestro de Malu, chegou a ficar amiga da garota. Os familiares do acusado confirmam o envolvimento dele com seqüestros e assaltos.

O resgate

No último contato com a família, Cow teria dito que estava esperando a poeira baixar para distribuir o dinheiro do seqüestro. Um dos familiares – presentes no IML – disse que os criminosos estavam com todo o dinheiro do seqüestro, negando que o advogado de Cow, José Buarque, estaria com parte da quantia. Buarque foi preso na noite de ontem pela Polícia Federal, juntamente com duas pessoas.

A família do acusado não fala sobre o valor do resgate e diz que Cow iniciou na vida do crime aos 15 anos de idade e sempre vivia fugindo. De acordo com a Polícia Civil, no local onde o seqüestrador foi morto foi encontrado R$ 2,7 mil. O dinheiro pode ser parte do resgate. O coronel Ronaldo dos Santos evitou falar sobre o assunto.

Sobre a prisão do advogado Buarque e da irmã de Cow, Rosana, o secretário de Defesa Social disse que as investigações ainda correm em sigilo e por esta razão não falaria detalhes da prisão dos dois. Ronaldo dos Santos também não confirmou se foi encontrado dinheiro com os detidos, mas também não negou. “Vocês saberão de tudo em breve”, colocou o secretário.

Informações extra-oficiais dão conta que foi encontrado R$ 12 mil no apartamento do advogado. Apesar das cifras encontradas, a família de Cow disse que para poder realizar o sepultamento terá que pedir dinheiro emprestado. “Não temos nem grana para enterrá-lo”, colocou a irmão de Cow, Adriana Sarmento Lins.

Neste momento, os familiares se encontram no Instituto Médico Legal tentando arrecadar dinheiro para enterrar Cow. “Nós vamos tentar arrecadar dinheiro com a própria família, ou encontrar outra alternativa para sepultá-lo”, complementou a irmã.

As informações ainda são desencontradas e sobre alguns pontos a Polícia Civil ainda matém sigilo. Conforme o diretor-geral da entidade, Robervaldo Davino, para não atrapalhar as investigações. Coronel Ronaldo dos Santos destacou que as operações estão sendo realizadas em sigilo.

Com Cow, a Polícia Civil apreendeu uma pistola 9 mm. “Inclusive a pistola ainda está engatilhada, pois foi o último tiro que ele tentou revidar e não conseguiu”, colocou.

Parceria com Polícia Federal

O secretário de Defesa Social destacou que a operação de ontem foi coordenada pela secretaria, mas contou com o apoio das forças do Estado e da Polícia Federal. Conforme Ronaldo dos Santos, esta é uma ação comum já prevista pelo Sistema Único de Segurança Pública (Susp).

“Estamos sempre trabalhando em conjunto e nunca houve atritos, como algumas vezes foi colocado. Se alguns policiais falam em divergências de forma isolada, não representam a idéia da instituição”, colocou.

A fala de Ronaldo dos Santos é por conta de algumas vezes a Defesa Social ter se mostrado incomodada pela presença da Polícia Federal. “Nosso trabalho conjunto continua. Como sempre esteve”. Indagado sobre a mesma parceria não ter funcionado em casos como a morte do presidiário e membro do crime organizado Fernando Fidélis e da fuga do sargento Medeiros, o secretário coloca que “há uma harmonia e eu não vejo estas divergências, já que as investigações sobre os casos citados continuam. Há informações que não podemos passar para os senhores”, disse.

“Não há espaço para estarmos discutindo isto. O importante é que o objetivo é um só. A condução do inquérito e das investigações é da Polícia Civil. A PF só nos deu um apoio”, colocou Ronaldo dos Santos. O fato é que a presença da Polícia Federal se fez sem autorização do Ministério da Justiça.

Questionado, Ronaldo dos Santos coloca que: “Não é necessário, pois nós aderimos ao Susp e o convênio prevê isto”. No entanto, em alguns casos a PF fez questão de esperar pelo Ministério da Justiça, como foi a investigação sobre o caso Fernando Fidélis.

Ação e Reação

O inquérito que apura a morte de Cow será presidido pelo delegado regional de Matriz de Camaragibe, Belmiro Cavalcante. Cavalcante anexará a versão de "ação e reação" da Polícia Civil ao laudo cadavérico.

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