Exatamente duas semanas depois da primeira tentativa de fuga em massa, os presos da Delegacia de Roubos e Furtos tentaram fugir novamente, nesta madrugada; desta vez, um deles conseguiu fugir.
De acordo com policiais que estavam de plantão, os presos da cela seis conseguiram serrar as grades e quebrar o cadeado. Com o pedaço da grade serrada, eles ainda quebraram o cadeado da cela cinco, mas a ação foi descoberta pelos policiais.
“É tudo muito rápido. Eles conseguem fazer tudo numa questão de segundos. Nós acionamos outras delegacias e tivemos que recapturá-los em cima de telhados, escondidos em casas e colégios pela vizinhança, mas um conseguiu fugir”, contou um dos policiais, que não quis se identificar.
A ação ocorreu depois de meia noite e equipes da Polícia Litorânea, Polícia Lagunar, Rádio Patrulha, Delegacias de Plantão e de delegacias próximas cercaram a Delegacia de Roubos e Furtos e conseguiram recapturar a maioria dos presos – cerca de 20 homens.
"Caso nós não acionássemos o apoio, com certeza eles iriam estourar os outros cadeados para fugirem", alertou o policial.
Durante a tentativa de recapturar os presos, alguns caíram de telhados e tiveram ferimentos leves; um outro preso ainda levou um tiro de raspão, mas foi socorrido por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, que estava de plantão no local.
Segundo informações extra-oficiais, o único preso que conseguiu fugir seria um ex-presidiário, que foi detido há pouco tempo.
Estrutura
Atualmente, a Delegacia de Roubos e Furtos, localizada no Jacintinho, tem, em média, cerca de 60 a 70 presos. Na delegacia há apenas seis celas, que não tem capacidade de abrigar tantos homens.
O fato foi divulgado pelo delegado, Valdor Coimbra Lou, na última tentativa de fuga, ocorrida há exatamente duas semanas. De acordo com o delegado, como há superlotação no Sistema Prisional, a delegacia consegue a transferência de poucos presos, no entanto, novos são detidos por furtos e roubos, o que aumenta o índice de superlotação.
Desespero
Do lado de fora da delegacia, a cena é de desespero. Mães, mulheres e parentes dos presos esperavam informações e a chance de poderem entregar o café da manhã para eles.
"Não entra roupa, bilhete, nada. Nem informação eles querem dar", diz Cristiane Soares Nóbrega, que está na delegacia por causa do marido, preso há três meses pelo furto de uma farmácia.
Outras ainda reclamam porque não há visitação. "Meu marido está preso há dois meses e não consigo visitá-lo", diz Rosimeire da Silva, que acrescenta que era melhor que ele fosse transferido logo para o Sistema Prisional.