O Banco do Cidadão, nos seus quase quatro anos de funcionamento, já realizou cerca de 14 mil empréstimos para micro e pequenos empreendedores de Alagoas, beneficiando em torno de 38 mil pessoas e gerando 10.500 ocupações diretas. O banco tem atualmente uma matriz em Maceió e sedes regionais em Arapiraca, São Miguel dos Campos, União dos Palmares e Delmiro Gouveia. A instituição atende hoje a 33 municípios alagoanos.
Para o presidente do Conselho de Administração do Banco, Pedro Verdino, estes dados são uma demonstração da importância de uma política de microcrédito que tem sido um meio fabuloso de inclusão de milhares de trabalhadores autônomos que precisam do crédito para crescer, gerar renda e qualidade de vida para suas famílias, alem de fortalecer o setor micro-empresarial e os empreendimentos econômicos das camadas populares.
Verdino, que é formado em gestão pública, destaca que o Banco do Cidadão visa fomentar o empreendedorismo, induzindo as pessoas a conquistarem condições de sobrevivência através de seu esforço próprio, despertando uma postura cidadã e empreendedora, de maneira que elas não mais precisem estar num estado de assistência e de submissão.
Serviço
A instituição oferece microcrédito para empreendedores que já exerçam alguma atividade comercial ou profissional há pelo menos seis meses. O negócio pode ser informal, sem um registro oficial ou CNPJ, como uma sacoleira, um churrasquinho, um carrinho de pipoca ou pastel, e até mesmo um profissional recém-formado precisando de algum equipamento para melhorar seu desempenho no mercado.
São três linhas de microcrédito: Capital de Giro (crédito para comprar mercadorias, matérias-primas e outros bens não duráveis); Capital Fixo (crédito para ampliar ou reformar o ponto comercial, comprar máquinas e equipamentos, bem como consertar equipamentos ou veículos utilizados na atividade comercial). Capital Misto (quando o crédito serve para Capital de Giro e Fixo).
O banco também desenvolve o Programa de Educação para o Crédito e Cidadania (PECC) que foi implantado nos conjuntos habitacionais Carminha, Freitas Neto, Selma Bandeira e adjacências. O programa ganhou corpo em abril de 2004 com a execução de uma pesquisa para diagnosticar as realidades dos conjuntos residenciais, alvos do projeto.
Após esse trabalho – apoiado pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal) – foi idealizada uma proposta de intervenção que se transformou no PECC. A idéia era dar atenção a um público excluído do processo de microcrédito. O objetivo do programa é financiar o início de um negócio ou de um já existente para pessoas em situação de risco social. O PECC tem ainda a finalidade de capacitar estas pessoas para criar nelas uma postura empreendedora e empresarial.
Garantias solicitadas
O Banco do Cidadão aceita dois tipos de garantias: Avalista (pessoa física que tenha comprovante de renda correspondente a pelo menos 3 vezes o valor da prestação) e Grupo Solidário (formado por 3 a 7 pessoas, todas com negócio próprio, seja ele formal ou informal. É uma forma de garantia solidária, em que todos do grupo pegam empréstimo ao mesmo tempo e devem morar ou trabalhar no mesmo bairro. Cada pessoa do grupo se responsabiliza solidariamente pelos empréstimos dos membros do grupo). Para o dono da atividade são solicitados os seguintes documentos: RG, CPF e comprovante de residência. Já para o avalista: RG, CPF e comprovantes de residência e renda atuais.
Muhammad Yunus, o banqueiro dos pobres – No tocante à entrega do Prêmio Nobel da Paz a Muhammad Yunus, Pedro Verdino entende foi é importante para a divulgação do microcrédito em vários países. Verdino lembra que esteve em Bangladesh e estudou a metodologia do Grammen Bank para ser aplicada com sucesso por meio da criação do Banco do Cidadão. Ele ressalta que Yunus iniciou seu trabalho que promove a inclusão econômica em 1976 e propagou a iniciativa para o mundo.
Para Verdino, a concessão do prêmio foi o reconhecimento do trabalho de um homem que dedicou mais de 30 anos de sua vida na busca de soluções concretas e práticas para resolver a problemática da fome e da exclusão no mundo. “É o reconhecimento do microcrédito como instrumento da democratização do acesso ao crédito para os mais pobres numa ferramenta fundamental para conquistarmos um mundo justo solidário e humano”, conclui ele.