Uma operação da Polícia Federal (PF), chamada de Ouro de Tolo, interditou 17 bingos no Rio e outro em Nova Friburgo, na Região Serrana, por causa de irregularidades, neste sábado. De acordo com a PF, cerca de 400 policiais federais do Rio e de São Paulo, Brasília, Espírito Santo, Paraná e Minas Gerais, além de representantes do Ministério Público e auditores da Receita Federal, participam da ação.
Ainda de acordo com informações divulgadas pela Polícia Federal, os policiais cumprem mandados de busca e apreensão de máquinas e documentos.
"Todos os bingos estão sendo interditados e estão sendo apreendidas 4.800 máquinas", afirmou o delegado responsável pela operação, Cristiano Sampaio.
O Ministério Público Federal obteve, em medida cautelar, a busca e apreensão das máquinas caça-níqueis de 28 bingos mas, de acordo com PF, serão cumpridas apenas 18 devido ao espaço disponível no galpão cedido pela Marinha, na Avenida Brasil. Noventa caminhões auxiliam na remoção dos equipamentos. Só no Bingo Arpoador foram recolhidas 320 máquinas transportadas em 30 caminhões.
De acordo com o delegado Cristiano Sampaio, há denúncias de contrabando de componentes das máquinas que não poderiam ser importados. "Isso pode configurar sonegação de impostos e evasão de divisas", afirma Sampaio.
A Polícia Federal também deu continuidade à operação Gladiador para prender envolvidos com a máfia dos caça-níqueis. A PF cumpre nove mandados de prisão de um total de 19. Cinco pessoas foram presas, neste sábado. A ação, que começou na sexta-feira, 15, junto com a Operação Tingüi, prendeu cinco pessoas. Outras cinco já tinha sido presas anteriormente.
Ex-chefe de Polícia Civil é acusado de pertencer à máfia dos caça-níqueis
O ex-chefe de Polícia Civil e deputado estadual eleito Álvaro Lins foi acusado de pertencer à máfia dos caça-níqueis. Ele também estaria envolvido com contrabando de equipamentos eletrônicos, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro para campanha eleitoral. A Polícia Federal pediu a prisão de Lins, mas a Justiça entendeu que não havia elementos suficientes para conceder.
Operação Tingüi
A outra ação, desta sexta-feira, 15, com o nome do córrego que corta a favela, reuniu 380 policiais federais do Rio, Paraná, Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo e do Comando de Operacional Tático (COT) em apoio a 330 policiais militares. Setenta e cinco PMs foram presos nos batalhões onde estavam lotados. Todo o material encontrado nos armários e nos carros dos policiais foi apreendido e levado para a sede da Polícia Federal. À tarde, a PF realizou operações de busca e apreensão na casa dos acusados.
O comandante do 14º. BPM (Bangu), coronel Celso Nogueira, que há três meses estava no batalhão, foi afastado do cargo. Os policiais presos prestaram depoimento na PF e foram levados para a carceragem no Ponto Zero.
Graças a uma investigação de oito meses sobre angolanos refugiados que estariam treinando traficantes no uso de armas e táticas de guerrilha na Favela do Muquiço, em Guadalupe, no subúrbio do Rio, a Polícia Federal descobriu o envolvimento de policiais militares com tráfico de armas e drogas, seqüestro e extorsão. A investigação da PF sobre os angolanos ainda está em andamento.
Este é o maior número de policiais presos numa única operação na História da PM: ao todo 80. Quarenta dos acusados pertenciam ao 14º BPM (Bangu), na Zona Oeste.