Em 2002, quando o PT elegeu a maior bancada na Câmara, os reeleitos pela sigla registraram uma evolução patrimonial média de 83,7% na comparação com 1998, a maior entre os reeleitos pelos principais partidos no mesmo período.
Essa é uma das principais informações do livro "Políticos do Brasil" (Publifolha), resultado de pesquisa feita durante cinco anos pelo jornalista Fernando Rodrigues, da Folha. No mesmo período, segundo dados da Justiça Eleitoral, o ganho patrimonial médio dos reeleitos foi de 41,8% –acima da inflação de 27,2%.
O patrimônio médio dos petistas reeleitos, de R$ 188 mil, é o menor, porém, entre os principais partidos em 2002. O maior valor médio foi declarado pelo PFL, com R$ 3,196 milhões, seguido do PTB, com R$ 2,152 milhões. PSDB, com valor médio de R$ 1,463 milhão, e PMDB, com R$ 1,415 milhão, vêm em seguida.
Rodrigues obteve informações sobre o patrimônio de 3.570 políticos vencedores nas eleições de 1998 e 2002, segundo declarações entregues pelos próprios à Justiça Eleitoral. O conjunto de dados sobre o patrimônio dos políticos eleitos nesse período é inédito –apesar de alguns dados já terem sido divulgados separadamente.
O PSDB tem o eleito em 2002 com o maior patrimônio: o deputado federal Ronaldo Cezar Coelho, que declarou bens no valor de R$ 297 milhões. O segundo lugar ficou com o senador Paulo Octávio (PFL-DF), com R$ 216 milhões. Na lista dos declaradamente mais ricos, não há o nome de políticos tradicionalmente mais conhecidos. Rodrigues diz que uma hipótese para explicar isso é "a pulverização do patrimônio entre os diversos integrantes de uma mesma família com vários eleitos". Além disso, há um problema comum a políticos: muitos não atribuíram valores aos bens.
É o caso do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). Dono de ações de várias empresas, ele lista esses bens, mas não informa seus valores. Não há irregularidade nesse procedimento. A legislação exige dos candidatos informação sobre os seus bens, mas não seu valor.
Em 2002, 18 eleitos (1% do total) tinham juntos R$ 1,131 bilhão, o que representava 50% do patrimônio dos 1.790 eleitos. Outros 281 informaram bens superiores a R$ 1 milhão.
O livro também traz uma lista com o CPF dos 3.570 políticos que tiveram os dados analisados. De posse desse número, qualquer pessoa poderá verificar se o titular tem pendências com a Receita Federal.
Um capítulo do livro apresenta um perfil dos políticos brasileiros. O autor mostra que, em 2002, 70,94% das 144 mulheres eleitas tinham nível superior completo contra 67% dos 1.069 homens eleitos.
Folha Online