Ex-presidente sofria de problemas do coração
Gerald Ford, o homem que em 1974 chegou à presidência dos Estados Unidos após a renúncia de Richard Nixon após o escândalo do Watergate, morreu nesta quarta-feira (27) em sua casa aos 93 anos.
Ele faleceu às 0h45 de Brasília em seu Rancho Mirage (a 200 quilômetros de Los Angeles), onde vivia desde que deixou a Casa Branca, após pouco mais de dois anos de um mandato marcado pela decisão de perdoar o protagonista de um dos mais famosos casos de espionagem política da história.
Embora as causas da morte não tenham sido notificadas, o ex-presidente tinha problemas de saúde e em agosto foi submetido a uma intervenção cirúrgica na Clínica Mayo de Rochester, em Minnesota, em decorrência de um problema coronário.
Ford – único presidente da história dos Estados Unidos que não foi eleito -, apesar de sua saúde frágil, era o chefe de estado mais velho dos Estados Unidos, depois da morte de Ronald Reagan aos 93 anos, em 2004.
Casado desde 1948 com Betty Ford, uma das primeiras-damas mais carismáticas dos EUA, o casal teve três filhos, Michael, Jack e Steven, e uma filha, Susan.
O presidente George W. Bush lembrou que Ford "assumiu a Presidência em um momento de confusão nacional e divisão" e "com sua discreta integridade, seu bom senso e sua amabilidade instintiva ajudou a curar nossa nação e a restaurar a confiança pública na Presidência".
"O povo americano sempre admirará a devoção de Gerald Ford pelo dever, sua personalidade e a honorável conduta de sua Administração", acrescentou.
Watergate
Gerald Ford esteve no poder por 895 dias, em um mandato curto, porém muito intenso, durante os quais a Guerra do Vietnã chegou ao fim, considerado junto ao Watergate como outro grande trauma entre os americanos.
Ford chegou à Presidência após "a maior crise constitucional desde a Guerra Civil", e deu ao país "a integridade, sabedoria e bom julgamento" necessários naquele momento, disse hoje Cheney após saber da notícia.
Cheney, que foi chefe de gabinete de Ford, destacou que o ex-presidente "encarnava os melhores valores de uma grande geração: decência, integridade e devoção pelo dever".
Nascido em Omaha (Nebraska), em 14 de julho de 1913, Ford chegou ao poder após a renúncia de Richard Nixon, em agosto de 1974, por causa do escândalo do Watergate. Como ele mesmo reconhecia, chegou à Presidência por capricho do destino e viveu sempre à sombra do célebre escândalo.
Ao contrário do "conspirador" Nixon, Ford sempre teve fama de homem afável e honesto, que perdoou seu antecessor o quanto pôde, o que provavelmente lhe custou a reeleição para a Casa Branca.
Nixon se viu forçado a renunciar depois que o jornal "The Washington Post" revelou sua participação no caso de escutas ilegais à oposição democrata, provocando uma enorme crise.
Grande parte da opinião pública exigia que Nixon pagasse por seus atos, mas Ford optou por exonerá-lo, uma medida muito impopular que o levou a perder as eleições de novembro de 1976 frente a Jimmy Carter, mas que depois foi considerada "acertada" por vários historiadores.
