O presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), disse a aliados nesta quinta-feira que vai "até o fim" na busca da reeleição em fevereiro, mesmo que tenha de disputar votos em plenário com o candidato do PT, Arlindo Chinaglia (SP).
Em reunião com o líderes do PFL, Rodrigo Maia (RJ), da minoria, José Carlos Aleluia (PFL-BA), e representantes de partidos governistas (PTB, PSB, PMDB e PCdoB), Aldo Rebelo traçou uma estratégia para receber o apoio da oposição antipetista e de governadores, descontentes com a distribuição de receitas.
"A Câmara precisa ter um comando e uma agenda próprias, que não estejam a serviço apenas do Planalto, mas também dos governadores", disse Rodrigo Maia a jornalistas, depois de um almoço na residência do presidente da Câmara.
A plataforma de Aldo incluirá a votação de uma reforma tributária que dê aos Estados parcela maior dos impostos e parte das contribuições (Cide e PIS-Cofins), disse um dos aliados da reeleição, que pediu para não ser identificado.
Aldo obteve, segundo Aleluia, um compromisso de que o PFL não vai lançar um terceiro nome, aproveitando a divisão na base. Foi uma divisão como essa que permitiu, em 2005, a eleição de Severino Cavalcanti (PP-PE).
"Não precisamos lançar outro nome porque Aldo foi e será um presidente que dá dignidade à Câmara. Não podemos dar poder demais ao PT, que não sabe dividi-lo com ninguém, nem com os próprios aliados", disse Aleluia.
Contra o PT
Segundo José Carlos Aleluia, Aldo conta também com o apoio do PSDB, o outro grande partido da oposição na Câmara. O deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE) calculou que Aldo venceria Chinaglia "com uma folga de pelo menos 40 votos".
"Aldo hoje é imbatível, somando votos da oposição e de uma parte da base do governo", disse Rodrigo Maia sem mencionar números.
O apoio da oposição a Aldo Rebello já era esperado, mas consolidou-se com a iniciativa do PT de propor um acordo formal ao PMDB, para que os dois partidos se revezem no comando da Câmara, com Chinaglia a partir de fevereiro, seguido por um presidente peemedebista a partir de 2009.
O acordo foi proposto ao presidente do PMDB, Michel Temer, em carta assinada pelo presidente do PT, Marco Aurélio Garcia. O petista, que não tem mandato (é assessor especial do Planalto) foi duramente criticado pelos pefelistas no almoço dessa quinta.
"O presidente do PT, senhor Marco Aurélio Garcia, cometeu uma intromissão inaceitável no processo de sucessão na Câmara, e acabou fortalecendo a campanha de Aldo Rebelo", disse Aleluia.
"Esse homem não tem um voto, não entende nada de política, não tem sensibilidade para uma assunto dessa importância", disse Rodrigo Maia. "E ainda escreveu uma carta falando em corrigir os rumos do Congresso…"
O líder do PCdoB na Câmara, Ignacio Arruda, disse que Aldo pode fazer com o PMDB o mesmo acordo proposto pelo presidente petista.
"O Aldo é reeleito agora e indica o próximo presidente com o apoio desse grupo", disse Arruda.
Fonte: Reuters