Aldo e Chinaglia disputam apoio do PMDB para presidência da Câmara

Às vésperas do feriado de Ano Novo, o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que tenta a reeleição, e o pré-candidato do PT, Arlindo Chinaglia (SP), passaram o dia de ontem articulando alianças e disputando nos bastidores o apoio da bancada do PMDB, que eles consideram decisivo.

Preocupado com o fortalecimento de Chinaglia, Aldo retornou de Alagoas, onde passou o Natal, para um almoço com líderes do PFL e deputados de PSB, PMDB e PC do B. Após mapear os votos, Aldo disse que não recuará. Ele avalia que, descontando o PMDB, teria uma vantagem de 30 votos.

Segundo deputados presentes na reunião, uma das táticas do atual presidente da Casa será pedir o apoio de governadores eleitos, especialmente dos partidos de oposição e do PMDB.

Além disso, Aldo discutiu com os líderes do PFL, Rodrigo Maia (RJ), e da minoria, José Carlos Aleluia (PFL-BA), táticas para tentar desconstruir o acordo costurado pelo presidente interino do PT, Marco Aurélio Garcia, com o PMDB.

"Estávamos distantes dessa discussão [eleição da Mesa], mas essa intromissão do Marco Aurélio foi uma agressão ao Parlamento. Essa carta será desastrosa ao Chinaglia e mostra a necessidade de não se deixar subordinar ao PT", disse Aleluia.

Carta do PT

A carta citada pelo pefelista foi enviada por Marco Aurélio Garcia ao presidente do PMDB, Michel Temer, propondo um revezamento das duas siglas no comando da Câmara.

Chinaglia mobilizou seus aliados e decidiu divulgar uma carta aos deputados da base na semana que vem apresentando seu nome como consenso entre os governistas.

Além dos articuladores da candidatura, José Múcio (PTB-PE), Sandro Mabel (PL-GO) e Odair Cunha (PT-MG), Chinaglia também teve um almoço com os petistas João Paulo Cunha (SP) e Ricardo Berzoini (SP) e Cândido Vaccarezza (SP), ligado a José Dirceu.

A idéia é tentar isolar Aldo, pressionando para que ele desista de concorrer, o que envolveria eventual oferta de um ministério.

Unidade

A despeito da movimentação dos dois candidatos, o ministro Tarso Genro disse ter a convicção de que as legendas aliadas não vão cometer o "desatino" de chegar ao final com duas candidaturas: "Vocês não se preocupem, que nos próximos 15, 20 dias vamos ter unidade. Se vocês estão preocupados com isso, podem estar certos de que vamos ter unidade".

Ele afirmou, entretanto, que o presidente Lula não fará nenhum "gesto de chamamento" e procurou deixar claro que o governo não retira "nem um milímetro" do prestígio outorgado a Aldo pelo fato de ele receber apoio do PFL e do PSDB.

Folha Online

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