As obras que visam a fusão da Unidade de Emergência (UE) e o Hospital José Carneiro na criação do Hospital Geral de Alagoas esbarraram no desentendimento interno entre as diretorias das duas unidades hospitalares.
Prevista para ser finalizada ainda este ano e com o recurso de R$ 15 milhões em caixa, o Hospital Geral de Alagoas só deve ser entregue no meio do ano que vem.
De acordo com o diretor-geral da Unidade de Emergência, Tadeu Muritiba, no início das obras o clima era de tranqüilidade, mas alguns problemas provorcaram desentendimentos entre a UE e o Hospital-escola José Carneiro.
Nesta manhã, o diretor-geral da Unidade de Emergência determinou a retirada dos equipamentos e pacientes do Centro Cirúrgico do José Carneiro, sem comunicar ao coordenador de Ações da Saúde do hospital, Marcos Seabra. Seabra disse que o cronograma da obra não está sendo cumprido e a ação de desocupar o centro cirúrgico foi unilateral e prejudica vários pacientes.
“Temos cirurgias para fazer e pessoas internadas que precisam deste espaço. As coisas não podem ser feitas assim não. Tem que haver comunicação e ser uma retirada programada para não causar problemas para a população”, explicou Seabra. Não bastassem apenas as mudanças de hoje, os funcionários do Hospital José Carneiro ainda dizem trabalhar sob o medo de demissões, por conta da fusão dos hospitais.
Seabra revelou que falta diálogo entre a diretoria da Unidade de Emergência e do Hospital José Carneiro. “A gente não conversa e eles chegam assim retirando os equipamentos e os pacientes internados. Já existem outros problemas como falta de pagamento de fornecedores e outras coisas que dificultam o trabalho. A obras só poderiam ser realizadas se estivessem dentro de um cronograma e não trouxesse prejuízo”, expôs o coordenador-geral.
Para o coordenador do hospital, o correto seria reformar uma das alas para depois fazer a transferência de pacientes e equipamentos porque o hospital é o único para de atendimento gratuito para patologias eletivas.
Com a confusão entre Seabra e Muritiba, a retirada dos equipamentos e pacientes – alguns ainda chegaram a ser reconduzidos com lágrimas nos olhos por conta da ordem de saída imediata – foi suspensa.
Muritiba avalia como um prejuízo para o encaminhamento das obras na Unidade de Emergência. “Precisaríamos andar com o cronograma”, disse.
Falha de comunicação
O diretor da Unidade de Emergência confirmou que há “falha de comunicação” e assumiu que foi um erro por parte dele. No entanto, não poupou críticas à condução do Hospital José Carneiro.
“Não comuniquei porque eles vivem ausentes de tudo. A decisão foi minha e foi tomada porque as enfermarias do hospital vivem vazias. Na terça-feira, mandei fotografar o local e só tinha três pacientes que poderiam ser reconduzidos. Na verdade, seria a retirada apenas do equipamento e um remanejamento que não afetaria a população”.
Segundo Muritiba, os funcionários e a direção do Hospital José Carneiro estão colocando empecilhos na fusão para criação do Hospital Geral. Motivo: “Os funcionários não querem trabalhar. Com a união dos hospitais aumentaria em muito o ritmo de trabalho porque não haveria estas alas ociosas, como existem hoje, conforme se verifica nas fotos (Muritiba mostra uma série de fotografias de leitos vazios) do Hospital José Carneiro”.
Muritiba desmentiu a informação de redução de quadro de funcionários. “De forma alguma, até porque aumentaria o volume de trabalho, como já disse. O que eu fiz hoje foi tentar desocupar a área ociosa para dar continuidade às obras. Dos 35 leitos, apenas três estavam ocupados e apenas quatro pacientes estavam na ala cirúrgica. Nós iríamos transferi-los para a clínica médica e os que fossem chegando remanejaríamos, porque o fluxo é pequeno”, explicou.
“A ociosidade é constante”, explicou Tadeu Muritiba. O Hospital José Carneiro conta hoje com 800 funcionários que conforme o diretor da Unidade de Emergência “querem evitar o trabalho e aumento de carga horária e por isto surgem os problemas”. “Aqui na Unidade nós enfrentamos superlotação constante, com a obra isto mudaria. Eles querem é evitar a lotação”.
Com a crise instaurada, o diretor-geral disse que as obras vão ser paralisadas. “Nós vamos concentrar em outras áreas e vamos aguardar a desocupação física, o que prejudica o andamento das obras”, sentenciou.
Mesmo sendo jogada para o próximo governo, Muritiba acredita que as obras terão prosseguimento porque o recurso já está em caixa. “Dos R$ 15 milhões, R$ 9 milhões serão aplicados na parte física e o demais na aquisição de novos equipamentos. Será um grande benefício para Alagoas, pois teremos um aumento significativo de leitos e de vagas na Unidade de Tratamento Intensivo, além de maior operacionalidade. Para isto precisamos desocupar áreas”, finalizou.