Executado nas primeiras horas de sábado, Saddam Hussein foi sepultado por volta das 22h do mesmo dia (horário de Brasília) na aldeia de Awja, na cidade de Tikrit, onde nasceu o ex-ditador iraquiano.
De acordo com a CNN, que enviou um repórter ao local, o enterro teve a presença de aproximadamente 100 pessoas e se deu no mesmo cemitério onde estão os corpos dos filhos Uday e Qusay, além de um neto – todos mortos em 2003 durante ataque de tropas americanas contra seu esconderijo.
O ex-presidente do Iraque foi enterrado em meio a fortes medidas de segurança; o governador de Salahaddin, Hamad Hammoud, e o xeque Ali Yassin al-Nada, chefe do clã ao qual pertencia Saddam, acompanharam o sepultamento.
Horas antes, a TV estatal Al-Iraqiya informou que o governo iraquiano havia entregue o corpo de Saddam a al-Nada. Os restos mortais foram trasladados por militares dos Estados Unidos a bordo de um helicóptero.
Inicialmente, circulou a notícia de que o corpo do ex-presidente, deposto pelos EUA em 2003, seria enterrado fora do Iraque, no Iêmen, como desejava sua filha mais velha. A informação, porém, foi desmentida mais tarde.
A execução de Saddam foi seguida por atentados com carros-bomba que mataram no sábado mais de 70 pessoas em Bagdá e na cidade de Kufa, no sul do país, onde ficam vários santuários xiitas.
Julgamento
Saddam Hussein foi condenado à morte pela Justiça iraquiana no dia 5 de novembro pelo massacre de mais de 148 xiitas na cidade de Dujail, em 1982, após uma tentativa frustrada de assassiná-lo.
Seu meio-irmão, Barzan al-Tikriti, que era chefe dos serviços de inteligência, e outro antigo assessor de Saddam, o ex-juiz Awad al-Bandar, foram também condenados à morte. Outros cinco funcionários do regime de Saddam receberam penas de 15 anos à prisão perpétua.
Barzan e Bandar serão executados depois da festa muçulmana de Eid al-Adha (Festa do Sacrifício), que começou no sábado e dura quatro dias, segundo o conselheiro de Segurança Nacional do Iraque, Mouwafak al-Rubai.
O julgamento, que durou mais de um ano, foi denunciado pelos defensores de Saddam e por juristas estrangeiros como um "processo político" viciado, em meio a assassinatos de juízes e advogados, e da duvidosa imparcialidade do tribunal.
Ao ser divulgado o veredicto, no dia 5 de novembro, o xeque Al Nadawi, líder do grupo tribal Baigat, ao qual pertencia o ex-ditador, previu: Saddam "viveu como um herói e morrerá como um herói".
Saddam era acusado ainda de ter ordenado e executado as campanhas militares de Anfal, no Curdistão (norte), entre 1987 e 1988, que provocaram a morte de 180 mil curdos.
Os advogados do ex-ditador lutaram até o final para tentar evitar a execução, recorrendo inclusive à Justiça dos Estados Unidos para que bloqueasse a transferência de Saddam às autoridades iraquianas.