O projeto do Passe Livre gerou grande repercussão entre os deputados, no plenário da Assembleia Legislativa, na sessão desta terça-feira (03).
Após a leitura do requerimento de pedido de votação, em regime de urgência, apresentado pelo líder do governo na Casa, deputado Ronaldo Medeiros (PT), alguns parlamentares questionaram pontos que não ficaram claros no projeto, entre eles, a segurança dos estudantes mais novos, durante o trajeto para a escola em ônibus de linhas comuns.
O deputado Rodrigo Cunha (PSDB) foi o primeiro a levantar os questionamentos. Para ele, da forma que foi apresentado na Casa de Tavares Bastos, o projeto do Passe Livre é restritivo e não é a ideia amplamente discutida em 2013. O deputado também lamentou a não renovação do contrato com os ônibus escolares por não haver, segundo ele, uma preocupação com o transporte dos estudantes. "O Projeto Deveria passar por uma discussão ampla. Algo que vai eternizar um direito dos estudantes é uma pena que seja tratado como está sendo. Este governo está sendo marcado por ouvir os segmentos e isso não foi feito.
O deputado ressaltou ainda como ponto mais grave o fato de ter estudantes com idade a partir de oito anos que vão ter que sair de casa para pegar um ônibus de linha. “No escolar, as crianças eram pegas em um determinado ponto, com o cuidado de um monitor, e só desciam na escola. Com a aprovação do projeto, elas irão para o ponto de ônibus mais próximo de cada e sairão em um coletivo que vai parando de ponto em ponto ate chegar à escola. Como se dará isso, o projeto não deixa claro. Uma mãe vai ver uma filha de 10 ou 12 anos para a escola sozinha num ônibus de linha, com todos os riscos, sem monitoramento. Este é um assunto muito delicado e não esta aqui no projeto”, disse Rodrigo Cunha.
O parlamentar questionou ainda se a quantidade de ônibus da capital será suficiente para suportar o aumento de passageiros. “Quando era do Procon, pude fiscalizar alguns transportes e vi alguns em que as pessoas precisavam de guarda chuva porque pingava dentro do ônibus, fora a superlotação. Da forma que está sendo apresentado aqui prejudica não somente os estudantes, mas toda a população”, disse o deputado, ressaltando que não é contra o projeto do Passe Livre, mas precisa de uma discussão mais ampla.
O deputado Galba Novaes (PRB) disse que seu partido concordou que houvesse a votação, mas demonstrou preocupação com a qualidade do transporte coletivo de Maceió. "O transporte público é horrível e será sobrecarregado com mais 10 mil estudantes. Vamos requerer ao governador que no regulamento sejam colocados ônibus para atender somente aos estudantes. Sou a favor da votação do Passe Livre, mas queria ouvir os estudantes", disse o deputado.
Líder o governo na ALE, o deputado petista Ronaldo Medeiros lembrou que o atual governo herdou um contrato de 25 milhões, e defendeu a votação do projeto. "O passe livre hoje é uma reivindicação nacional. Aprovando o projeto, tenho certeza que o governo vai ser sensível. Os estudantes serão ouvidos durante a regulamentação do projeto. Por isso o governo está solicitando urgência", justificou Medeiros.
Ainda discutindo a viabilidade do projeto, o deputado Chico Tenório (PNM) fez duras críticas ao secretário de Estado da Educação, Luciano Barbosa. “O secretário primeiro tomou a posição para depois estudar a consequência, sem planejamento. Tivemos protestos porque não tinha transporte. E não tinha transporte porque o secretário suspendeu. E aí ele cria a possibilidade do passe livre, mas toda regra tem exceção.
Não se pode transportar na linha comum crianças de oito, nove anos", criticou o deputado, lembrando ainda a distancia que muitas crianças teria que percorrer ate os pontos na ida e do ponto para casa na volta.
Chico Tenório questionou ainda se foi discutido com a SMTT sobre a qualidade e quantidade da frota de ônibus e disse que o projeto, se não for bem planejado, pode trazer problemas. "Vai aumentar a evasão e diminuir. Luciano Barbosa primeiro ver números e depois ver o ser humano. Primeiro deveria ter sessão pública para ouvir todos os lados. Não posso votar contra, mas terá ser discutido", disse Chico Tenório.