Quem é o morador da favela brasileira? Quais são suas aspirações e como ele gasta seu dinheiro? Do que ele gosta? Essas perguntas são respondidas por uma pesquisa divulgada nesta terça-feira (3), em São Paulo, pelo instituto Data Favela, com apoio do instituto Data Popular e da CUFA (Central Única das Favelas).
O levantamento mostra a evolução do comportamento desse público entre 2013 e 2015 e foi realizado em fevereiro deste ano com 2 mil moradores, de 63 favelas, localizadas em nove regiões metropolitanas e também no Distrito Federal (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Curitiba, Porto Alegre e Brasília).
"A favela é jovem. Enquanto a média de idade da população brasileira é de 33,1 anos, a do morador da favela é 29,1 anos. Isso porque é mais difícil sobreviver na favela", diz Renato Meirelles, fundador do Data Favela. Segundo a imagem, 84% acham que sofrem preconceito e 64% acreditam que as favelas são noticiadas de forma negativa.
"Favela é um território, comunidade é coletivo. Como diz o Athayde [Celso Athayde, criador da Central Única das Favelas], quando a notícia é boa, a imprensa chama de comunidade. Quando a notícia é ruim, chama de favela", explicou Meirelles.
As cerca de 12,3 milhões de pessoas moradoras desses territórios fortalecem a economia local e a nacional consumindo, por ano, R$ 68,2 bilhões (em 2013, o consumo foi de 62,3 bilhões). "Isso se reflete no aumento do empreendedorismo, que pode ser considerado um propulsor da atividade na favela", afirma Luiz Barreto, diretor-presidente do Sebrae.
Segundo a pesquisa, a maior parte das pessoas que pretendem empreender (35%) deseja investir no ramo de alimentação, seguido de lojas de roupas (20%) e salão de beleza (13%).
Veja mais dados da pesquisa e divulgados no 2º Fórum Nova Favela Brasileira:
67% dos moradores das favelas são negros (55% da população brasileira é negra, segundo a PNAD 2013)
61% pertencem à classe média
1 em cada 4 moradores recebe o Bolsa Família
69% trabalham ou está procurando emprego
53% trabalham com carteira assinada
17% têm emprego informal
18% são autônomos
7% são empregadores
51,2% é mulher (6,3 milhões de mulheres)
70% das mulheres são mães
Mulheres da favela têm 1,6 filho, me média
44% dos lares são chefiados por mulheres
21% dos lares são formados por mais solteiras