Se agravou neste domingo (8) o estado de saúde de Heitor Ledo Rocha Brandão, de 5 anos, que passou por uma cirurgia de separação do gêmeo siamês em Goiânia. Segundo boletim médico do Hospital Materno Infantil (HMI), onde o garoto está internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), ele voltou a respirar com a ajuda de aparelhos e está com estado considerado grave. O menino não apresenta febre, mas não há previsão de alta.
No sábado (7), o boletim médico considerava o estado de saúde do menino como regular e ele respirava com a ajuda de oxigênio inalatório. A assessoria de imprensa informou que a equipe médica constatou que nas últimas 24 horas o pulmão direito de Heitor apresentou piora e, por medida de segurança, o menino foi entubado para facilitar a respiração.
Na quinta-feira (5), Heitor chegou a deixar a UTI por duas horas para ir a uma clínica especializada, também na capital. A visita do garoto ao local teve como objetivo a realização de um tratamento que deve reforçar a cicatrização da cirurgia. Até sábado o meino também já se alimentava normalmente.
Separação
A cirurgia de separação de Heitor e o irmão Arthur Brandão ocorreu no dia 24 de fevereiro e durou cerca de 15 horas. Arthur morreu três dias depois, após sofrer duas paradas cardíacas.
Os gêmeos eram unidos pelo tórax, abdômen e bacia, compartilhando o fígado e genitália. Desde que nasceram, eles eram preparados para a cirurgia de separação. Os siameses passaram por 15 procedimentos cirúrgicos, entre eles alguns para implantação de expansores no corpo para que tivessem pele suficiente para a separação. Os meninos só alcançaram as condições necessárias para a cirurgia neste ano.
Segundo o pai dos gêmeos afirmou na segunda-feira (2), o filho sobrevivente não perguntou mais do irmão após sua morte. Em um texto postado em uma rede social, ele diz acreditar que o filho “sabe ou sente” que o irmão não está mais ali e que só vai contar o que ocorreu quando Heitor questionar onde está o irmão.
Caso
Natural de Riacho de Santana, cidade do interior da Bahia, a mãe dos siameses veio a Goiânia um mês antes do nascimento dos filhos para que eles tivessem acompanhamento desde o parto, em maio de 2009. Após o nascimento, ela voltou para a terra natal por um período e, desde 2010, mora em Goiânia com os siameses. O marido e a filha mais velha, de 7 anos, continuaram no Nordeste.
Antes da cirurgia, Eliana afirmou que, apesar das restrições físicas, os filhos não possuíam nenhum problema cognitivo. Com personalidades “totalmente diferentes”, os gêmeos sonhavam com a cirurgia, segundo a mãe. “Eles querem se separar, não querem desistir porque sabem que vão ter liberdade, uma independência maior, poder ir sem precisar da permissão do outro”, disse a mãe antes do procedimento.