Mesmo com o fornecimento gratuito da medicação para os pacientes acometidos por tuberculose, doença infectocontagiosa que tem como principais sintomas a tosse com secreção, falta de apetite, emagrecimento, cansaço e dores musculares, o índice de abandono do tratamento em Alagoas é quase 100% maior do que o preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Isso porque, enquanto o percentual aceitável de abandono do tratamento deve ser inferior a 5%, no Estado ele corresponde a 9,1%, o que para os técnicos do Programa Estadual de Combate à Tuberculose é considerado “alto”.
Causada pelo bacilo de Koch, a tuberculose – que em 2014 atingiu 1.008 alagoanos e levou 106 a óbito – deve ser tratada durante seis meses initerruptamente, por meio de uma medicação fornecida pelo Ministério da Saúde (MS) e disponível nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) dos 102 municípios alagoanos. Em Maceió, os Hospitais Escola Hélvio Auto e Universitário, além do PAM Salgadinho, são as unidades de referência para o tratamento. Já em Arapiraca, o Centro de Referência Integrado (Cria) é responsável pelo tratamento dos pacientes diagnosticados com a doença.
Segundo a coordenadora do Programa Estadual de Combate à Tuberculose, Ivete Tenório, o abandono do tratamento pelo paciente deve ser uma preocupação das Unidades Básicas de Saúde (UBSs), que na opinião dela, têm de acompanhar o tratamento, visitar o paciente e monitorá-lo para que ele não deixe de pegar o medicamento nos postos. “É dever da Atenção Básica acolher o paciente e orientá-lo sobre os efeitos colaterais dos medicamentos. É necessário esclarecer que, mesmo se sentindo melhor, o medicamento deve ser tomado durante seis meses, pois o bacilo de Koch só morre após esse período”, evidencia.
Sintomas – Ivete Tenório lembra que ao detectar sintomas como tosse persistente por mais de três semanas, febre vespertina, emagrecimento, escarro com sangue, é necessário procurar uma Unidade Básica de Saúde. Ela assegura que não há razão para Alagoas registrar um índice tão grande de pacientes que abandonam o tratamento da doença, uma vez que “o País dispõe de conhecimentos técnicos e recursos necessários para alcançar o controle da tuberculose, cujas formas graves podem ser prevenidas por meio da vacina BCG, aplicada em crianças recém-nascidas”, informa.
Caracterizada como um sério problema de saúde pública, a doença está atrelada a problemas de cunho social, estando associada às condições de vida da população, com muitos casos identificados entre os mais carentes, ainda segundo Ivete Tenório. Em Alagoas, dos 102 municípios, Arapiraca, Coruripe, Delmiro Gouveia, Maceió, Marechal Deodoro, Palmeira dos Índios, Penedo, Pilar, Rio Largo, Santana do Ipanema, São Miguel dos Campos, Teotônio Vilela e União dos Palmares registram as maiores incidências da doença, concentrando 70,7% dos casos no Estado. Do total de alagoanos diagnosticados com tuberculose, 49% são residentes de Maceió, que realiza o Teste Rápido para detecção da doença, cujo resultado é apresentado em duas horas.
Diagnóstico Precoce – Ivete Tenório chama a atenção para a necessidade de realizar o diagnóstico precoce da doença. Isso porque, de acordo com a coordenadora do Programa Estadual de Combate à Tuberculose, quanto mais cedo for detectado o problema, mais eficaz será o tratamento e menos danosos serão os efeitos da doença, além de reduzir o índice de proliferação, uma vez que a tuberculose é contagiosa e quem tosse e espirra pode expelir gotículas contaminadas com o bacilo.
“Quando isso acontece, se alguém estiver próximo, pode inspirar o bacilo para o seu pulmão, ocorrendo a transmissão de pessoa para pessoa. Mas a contágio também pode ocorrer por meio do contato direto e permanente com o paciente em ambiente fechado, onde houver ausência de luz solar e pouca ventilação. É importante que os diabéticos, infectados pelo vírus da Aids, desnutridos, acometidos pelo câncer e usuários de álcool tenham cuidado porque suas defesas são comprometidas e são mais suscetíveis a contrai-la”.
Dia Mundial – E para conscientizar a população sobre a importância da detecção precoce, informar os sintomas da doença e enfatizar a importância de não abandonar o tratamento antes dos seis meses, a Sesau irá realizar uma série de ações no Dia Mundial de Luta contra a Tuberculose, que acontece na terça-feira (24). Instituído pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em homenagem ao médico Robert Koch, que descobriu bacilo causador da doença, a data representa um grande passo na luta pelo controle e eliminação da doença.
Em Maceió, a ação irá ocorrer às 10h, no II Centro de Saúde, na Praça da Maravilha, no bairro Poço, onde haverá distribuição de material educativo sobre a tuberculose. Na ocasião, pacientes irão apresentar seus depoimentos sobre como descobriram e trataram a doença, que ainda é muito estigmatizada segundo a coordenadora Estadual do Programa de Combate à Tuberculose. Já nos demais municípios do Estado haverá busca ativa de novos casos e de pacientes que abandonaram o tratamento, além de distribuição de material educativo.