Conhecida como Kiki, ela chama a atenção das pessoas que vão à casa de Lucimar Costa da Silva. “Todo mundo que vem aqui com um celular quer tirar foto dela.” Segundo ela, Kiki nasceu com a deficiência e, desde os primeiros meses, conseguiu andar sem os membros dianteiros.
Lucimar explicou ainda que Kiki come e bebe normalmente e não tem cuidados especiais. Quando alguém põe a água ou a comida, Kiki se levanta sozinha e caminha até a vasilha por conta própria.
De acordo com a dona de casa, a mãe da cachorrinha já teve outros filhotes que nasceram com anomalia semelhante, mas nenhum deles sobreviveu.
Carinho
Na casa de Lucimar moram seis pessoas, mas o carinho pelo bicho não vem só dos moradores. “Até os gatos são amigos [de Kiki] e, às vezes, ficam pertinho dela como se ela fosse mãe deles.”
A dona da cachorra disse que nunca pensou em se desfazer dela por causa da anormalidade, mas gostaria de um dia vê-la caminhar com menos sacrifício. E é esse desejo que também sensibiliza o motorista Marcos Antônio Gonçalves, um conhecido da família.
“Sempre vejo e fico comovido. Até pedi a cachorra para mim, pois gostaria de tentar conseguir um suporte para ajudá-la a caminhar sem dificuldade”, disse. Ele acredita que uma espécie de prótese poderia fazer com que a cadela se locomovesse mais facilmente.
Questões genéticas
O G1 mostrou as imagens do animal para um médico veterinário do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Piauí (UFPI). De acordo com Paulo Marques, a anormalidade é rara e pode ter sido gerada por questões genéticas.
“A informação genética para a formação completa dos membros torácicos, de origem do pai ou da mãe, possui defeito e por isso não houve a formação e desenvolvimento dessas estruturas”, explicou.
Ele disse ainda que o fato de o animal conseguir andar somente pequenas distâncias ocorre devido ao peso do corpo, que é suportado apenas pelos membros pélvicos com mais massa muscular. “Isso faz com que a cadela ande com a coluna vertebral em posição vertical, o que não é da sua natureza.”