Em depoimento à CPI da Petrobras, a ex-presidente da estatal Maria das Graças Foster afirmou nesta quinta-feira (26) que o esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato ocorreu “fora” da empresa. Esta é a quarta vez que Graça é ouvida no Congresso Nacional para dar explicações sobre as suspeitas de irregularidades na Petrobras, mas a primeira oportunidade que ela é ouvida na situação de ex-presidente.
“O esquema de corrupção se formou fora da Petrobras”, ressaltou Graça Foster aos deputados que integram a CPI.
“Não foi a Petrobras que descobriu corrupção na Petrobras”, enfatizou. “Entendo que o descobridor foi a Polícia Federal, foi o Ministério Público Federal, que descobriram [o esquema], a ser confirmado o cartel e tudo posto na mídia. O grande descobridor foi a Polícia Federal”, reiterou Graça.
No depoimento que concedeu na última semana à CPI, Gabrielli declarou que era “impossível” detectar corrupção na estatal pelos procedimentos e meios de controle da empresa.
Graça Foster também explicou aos deputados que, após a deflagração da operação Lava Jato, em março do ano passado, a estatal tomou ações preventivas para não contratar empresas suspeitas de formação de cartel.
“A operação Lava Jato levou a Petrobras a determinadas situações preventivas em relação à contratação de empresas que tivessem sido apontadas pelos órgãos de controle como parte de um cartel”, destacou a ex-dirigente.
Graça Foster deixou o comando da empresa em fevereiro deste ano desgastada pelo escândalo de corrupção. Além das denúncias de irregularidades, a Petrobras enfrenta dificuldades para liberar o seu balanço porque ainda precisa quantificar e explicar os prejuízos com as fraudes em contratos de obras.
SBM Offshore
Em meio ao depoimento, a ex-presidente da Petrobras disse que, assim que veio à tona a revelação de que a empresa holandesa SBM Offshore pagou propina a funcionários da estatal, os contratos foram interrompidos. O ex-gerente Pedro Barusco confirmou o recebimento de suborno em depoimento à Polícia Federal.
Graça Foster explicou aos parlamentares que tentou descobrir mais detalhes sobre essas propinas, mas, segundo ela, a empresa não revelou valores nem quem seriam os beneficiários. Para ela, é improvável que Barusco recebesse propina sozinho.
“Não posso imaginar que seja verdadeira a fala do Barusco, de que sozinho recebia propina”, afirmou.
Graça ponderou que a SBM é uma das melhores empresas na área de aluguel de plataformas de petróleo e que a Petrobras tem interesse em esclarecer a denúncia para retomar contratos.
“Tão logo soubemos da propina, cancelamos qualquer relação comercial com a SBM”, disse. “Até hoje, não temos um retrato oficial dessa questão da propina da SBM. Até hoje, não há uma conversa com nomes e valores, e a Petrobras busca isso intensamente para que possa de fato voltar a contratar a SBM”, complementou.
Assim como já havia afirmado em depoimentos anteriores no Congresso Nacional, Graça Foster reiterou nesta quinta-feira que “nunca soube de propina na Petrobras”.