Quando um cliente liga para o consultor de carreiras Al Stewart procurando conselhos para manter uma vida profissional estável, o fundador da Business Mentors não consegue conter sua frase de efeito: “Foi-se o tempo em que uma pessoa trabalhava a vida inteira na IBM e no final ganhava um Rolex como prêmio”.
Segundo ele, nenhuma carreira está a salvo “das constantes mudanças, da restruturação, da concorrência global e da obsolescência tecnológica.”
Hoje, mais do que nunca, é difícil encontrar empregos que possam ser mantidos por muitos e muitos anos.
Mas existe uma solução: de acordo com especialistas como Stewart, em vez de se concentrarem em setores específicos, os profissionais deveriam se esforçar para acumular habilidades e diferenciais que possam lhes garantir vantagens ao longo da carreira.
Esteja à frente de seu tempo
“Mesmo sem uma bola de cristal para prever o futuro, você deve estar atento ao que está por vir”, aconselha Stewart, que tem escritórios em Atlanta, nos Estados Unidos, e em Paris. “Você precisa estar pronto para se re-equipar e se replanejar e disposto a dar um passo para o lado ou um passo adiante para se manter à frente das reviravoltas que vai enfrentar em sua vida profissional”.
Às vezes, isso pode significar ter que aceitar algo mesmo quando você não tem certeza do resultado.
Monica O’Reilly, diretora na consultoria Deloitte & Touche, em Londres, lembra-se de um telefonema particularmente especial recebido quando começava na empresa. Seu chefe lhe perguntava se ela poderia partir para a Coreia do Sul dali a dois dias para comandar um projeto de seis meses.
Mesmo sabendo que seria desafiador, ela aceitou a proposta e obteve muitas oportunidades depois. “Foi fundamental ver que a ideia era uma oportunidade fantástica de aprender e crescer fazendo algo que eu adoro – e não pensar só nas longas jornadas, no tempo longe de casa e no choque cultural”, afirma.
Não se acomode
Funcionários mais estabelecidos, com décadas de experiência, frequentemente cometem o erro de achar que seus empregos estão assegurados, segundo Kathy Caprino, consultora de carreiras no Estado americano de Connecticut. “Conheci centenas e centenas de executivos com mais de 50 anos, homens e mulheres, que foram demitidos e só então perceberam que não tinham formado uma rede de contatos, não tinham se mantido atualizados em seus setores nem tinham se mantido próximos a outros profissionais que poderiam ajudá-los”, conta.
Esqueça o ‘emprego por toda a vida’
De acordo com Maite Baron, diretora-executiva da The Corporate Escape, uma consultoria de Londres especializada em atender profissionais em mudança de carreira, os trabalhadores de hoje precisam se acostumar à ideia de ter de dez a 15 empregos ao longo da vida. “Um emprego vitalício é algo que não existe mais”, decreta.
“O antigo conceito de se apostar em carreiras tradicionais e tidas como seguras, como o direito, a contabilidade e a arquitetura, já não se aplica mais. Mesmo hoje, jovens advogados, por exemplo, estão ameaçados porque muito do trabalho de pesquisa que fazem está sendo realizado por computadores.”
Não pare de aprender
Para Baron, apenas uma coisa é certa no que se refere ao futuro das carreiras: o aprendizado contínuo é fundamental. “Seja através de treinamentos oferecidos pelo empregador ou por cursos feitos por iniciativa própria, o profissional precisa ser o responsável por desenvolver o pensamento lateral e a mentalidade flexível que o tornará atraente para potenciais empregadores”, afirma a consultora.
Tenha cuidado com robôs
Evite empregos que possam ser automatizados. Um relatório da Oxford Martin School de 2013 revelou que 45% dos empregos nos Estados Unidos estão sob risco de serem substituídos por computadores dentro das próximas duas décadas. “Faz sentido buscar áreas em que robôs e softwares tenham menos chances de dominar em um futuro próximo. Ou seja, empregos em que a interação humana, a criatividade e as habilidades tecnológicas sejam importantes, como mentores, terapeutas, desenvolvedores de softwares e engenheiros de robótica, por exemplo”.
Faça a lição de casa
Segundo Ed Fleischman, diretor-executivo do ExecuSearch Group, uma empresa de recrutamento de Nova York, se você está procurando por um emprego com potencial para ser algo a longo prazo, tente aprender sobre a cultura corporativa de uma determinada empresa antes mesmo de se candidatar a uma vaga. “Durante o processo de seleção, e até mesmo através de uma pesquisa própria, procure sinais de que a empresa oferece treinamento e incentiva a ascensão interna”, explica.
“Outra coisa que pode ser difícil: nunca se deixe seduzir pelo dinheiro se você achar que aquela empresa limita seu potencial de crescimento ou mantém uma cultura de trabalho incompatível com as suas necessidades”, recomenda.
“Se você se vir diante de várias ofertas de emprego, escolha aquele em uma empresa cuja filosofia tenha mais a ver com você”, diz o consultor. “Afinal, quanto mais satisfeito você está com seu empregador, mais motivado você se sentirá para buscar oportunidades para crescer.”