Eu não me rendo – Anadia

 

menina

 

Sou assumidamente apaixonado pela cidade que nasci. Nunca neguei minhas origens e tenho muito orgulho por ser de lá. Já falei outras vezes que nasci no coração de Anadia – Na Praça Dr. Campelo de Almeida, número 102.

Reza a história e quis o destino, que eu ao vir a este mundo não precisasse de nenhum outro título – Somente o de ser anadiense.

As boas recordações e lembranças que possuo da nossa terra, que de certo tempo pra cá, com o advento da internet e redes sociais tenho buscado o compartilhamento através dos meus escritos.

Na maioria das vezes são reflexões, exaltação da terra mãe, um bom bocado de sonhos, a memória coletiva de personagens que marcaram o meu existir.

As festas, os folguedos, os poetas, os boêmios, as mulheres, as matas, os montes e serras, as fontes de água, os sabores, o ar, os frutos e cheiros inigualáveis que somente Anadia tem.

Sou ativista da vida! Defensor do livre viver, das libertas escolhas e do respeito às diferenças.

Porém nunca abri mão de também me indignar, protestar e falar em alto e bom som algo que me incomoda e entristece muito, o fato de Anadia passar a ser uma cidade com altos índices de violência – Mortes, assaltos e drogas. Por mais que se banalize a vida e diga: “A violência” está presente em todo canto.

Não me conformo como as coisas veem acontecendo. Contrariando a inteligência, as novas tecnologias, câmaras potentes, a informação privilegiada e secreta, o aparelho policial, as leis – Juiz e Ministério Público.

No solo que eu acredito ser sagrado – E não somente eu, manchado de sangue está o nosso palco principal.

Aqui  na praça quando criança, aprendi as mais divertidas brincadeiras e travessuras. Templo sagrado de tantas memoráveis festas – A mais majestosa, a festa de Nossa Senhora da Piedade.

Inconcebível, abominável, repudiante a perpetração de crimes de mortes à luz do dia ou até mesmo sob a luz dos postes de iluminação das nossas noites.

Sinto-me subtraído, roubado, abruptamente retirado o meu mais rico patrimônio que consiste em usufruir a paz, o sossego de poder sentar na porta de casa ver meus sobrinhos Matheus e Sophia brincarem na companhia da sua prima Maria Paula e do amigo Pedro…

Lamentável é o fato de ter que interromper a brincadeira, necessária e vital para as crianças – Faltando com a verdade, tendo que mentir dizendo: “vamos entrar apressadamente que estão soltando bombas”.

Ilustração do texto e do presente momento é o cenário onde Matheus, Sophia, Maria Paula, Pedro e amiguinhos brincavam, escreviam, pintavam.

Separados apenas por poucos metros, está lá sobre os olhares curiosos mais um corpo estendido no chão – Já são tantos que não dá pra contar nos dedos das mãos.

Ao ler as notícias do mundo me deparo com a foto de uma criança síria que ergueu as mãos ao confundir a câmara com uma arma.

Confesso que algumas lágrimas caíram sobre meu rosto – Como se estivesse na Síria, imaginei o sofrimento, o trauma da pequenina criança.

Apreensivo, intranquilo e sobressaltado com a possibilidade de ver algum dia as crianças da terra que tanto amo também passarem por desastrosa cena.

A canção diz: “Na praça entorpecida   entre as lágrimas da vida. Pobres pássaros urbanos cansam de cantar. É que a cidade ruge e os versos são difíceis de escutar”.

Eu acredito na juventude e nas ações do governador Renan Filho, como também  do prefeito Paulo Dâmaso para que juntos ao conjunto de entidades civis e públicas para dar um basta, um fim a essa incomoda situação.

Apesar dos meus cabelos brancos e agruras do tempo – Com a força dos meus pulmões, posso bradar: Eu não me rendo! Há que se lutar por um mundo melhor.

A continuação da canção nos diz: “Eu sei que existe um Deus e um diabo triste para cada sonhador. Alem dos versos meus ainda existe alguém mais triste do que eu” – Anadia.

 

 

 

 

 

 

 

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