A estudante Camila Mayra Machado Matos, de 19 anos, começou a engordar quando ainda era pequena, por volta dos 8 anos de idade. Seu pai era dono de uma lanchonete, o que lhe garantia acesso fácil a sorvetes, chocolates e sanduíches. “Minha alimentação era muito desregrada. Acordava tarde, comia pão, refrigerante, esse era meu café da manhã. Pulava refeição, aí no jantar, comia dois pratos de comida”, conta.
Este comportamento levou a moradora de Conceição dos Ouros, em Minas Gerais, aos 107,5 kg. Mas quem via Camila, não imaginava que o excesso de peso lhe causasse desconforto. “Gordo é assim, a gente tenta esconder sendo legal. Sempre fui muito simpática, sempre tive muitos amigos, sempre fui a líder da turma. Eu me fazia de feliz para todo mundo, mas sofria tanto na hora de comprar roupa. Eu chorava em casa. Aí comia uma panela de brigadeiro.”
A estudante também diz que sofreu muito bullying nos tempos de escola, apesar de ter amigos e ser extrovertida. Apelidos como gorda, baleia e rolha de poço eram comuns. A jovem conta ainda que não gostava nada de ser chamada de “Camilão” e a frase que mais detestava ouvir era: “Você tem um rosto tão bonito, mas…”.
Hoje, Camila percebe que costumava se fazer de vítima. “A gente não assume que a culpa de estar gorda é da gente. Eu mesma culpava meu pai. Hoje, não culpo mais meu pai, nem minha mãe. Eu sempre fui gulosa. Eu gosto de comer, não comia porque estava com fome. Eu pensava: é gostoso, vou comer. Além disso, eu achava que nunca iria emagrecer, pensava que iria morrer gorda”, conta.
Essa certeza, porém, começou a ruir em janeiro do ano passado. “Fui para a praia. Passou um casal por mim e a moça tinha o corpo mais lindo que já vi na vida. Fiquei com vergonha até de sair do mar. E ali, no dia 1º de janeiro, decidi mudar de vida.” Cinco dias depois, a estudante estava dentro do consultório de uma nutricionista, que mudou toda a sua alimentação e traçou metas.
Contou a favor da estudante o fato de, apesar de obesa, não ser sedentária. Camila corria 3 km quase todos os dias – mas antes não emagrecia por causa da má alimentação. A paixão pela corrida, aliada aos novos hábitos alimentares, ajudaram Camila a emagrecer mais de 30 quilos em cerca de um ano. “O que me dava mais motivação é que, quanto mais eu emagrecia, mais rápido eu corria. Antes, o percurso que eu fazia em 40 minutos, hoje faço em 20. Meu sonho é ser maratonista.”
Atualmente, Camila corre entre 5 km e 10 km por dia, além de fazer musculação e zumba. “Muita gente me pergunta de flacidez, de estria. Minhas estrias são um atestado do que fiz no passado”, diz.
A alimentação mudou totalmente, mas ela garante que tudo o que come é gostoso. “Tomo leite desnatado, pão integral com manteiga light ou requeijão light, peito de peru. A única coisa integral que não como é arroz, como arroz e feijão normal. Outra coisa que mudou foi o sal, cortei muito. Tempero a salada com limão. Como de três em três horas, pequenas quantidades, e não pulo refeição nunca.”
Além da perda de peso, Camila percebeu outros benefícios. “Meu sono melhorou, meu cabelo fortaleceu, minha unha, minha pele, meu intestino agora funciona normalmente, tudo melhorou por causa da alimentação.”
A experiência serviu para ajudar a estudante a definir seu futuro profissional. Camila chegou a fazer teste vocacional, mas não conseguia escolher uma carreira. Agora, ela se prepara para o vestibular de nutrição. “Eu me encontrei, encontrei qual é a minha missão aqui na Terra. Quero ajudar outras pessoas, quero mudar o hábito alimentar das pessoas, mostrar que é possível emagrecer sem cirurgia, sem remédio, só com força de vontade e determinação.”
Hoje, Camila procura incentivar outras pessoas por meio de sua página no Facebook. Quando decidiu criá-la, ficou indecisa em relação ao nome, mas, mais forte e vitoriosa, resolveu exorcizar antigos fantasmas. Seus relatos podem ser acompanhados na página “Emagrece Camilão”.