Milton Severiano Ribeiro, conhecido como Miltinho da Van, confessou nesta sexta-feira (17) o assassinato da dançarina de funk Amanda Bueno. Em depoimento na delegacia, ele disse que teve um “surto” e que está arrependido do crime, segundo o advogado Hugo Assumpção.
De acordo com o delegado Fábio Cardoso, da Divisão de Homicídios da Baixada, Milton foi indiciado por roubo majorado com emprego de arma de fogo, porte ilegal de arma e homicídio triplamente qualificado – agravado por motivo fútil e ausência de chance da vítima.
Segundo Cardoso, a tipificação foi baseada no novo crime de feminicídio. A lei para assassinatos de mulheres por razão de gênero foi sancionada em março pela presidente Dilma Rousseff e funciona com agravante do crime de homicídio, além de ser classificado como hediondo. Se condenado, a pena pode chegar a 67 anos de prisão.
O delegado informou que será investigada ainda uma suposta ligação de Milton com milícias. “Uma pessoa que controla tantas linhas de vans, tem tantas armas sem registro em casa e um esquema de segurança tão grande envolvendo a sua casa será investigado para sabermos se está relacionado com outros crimes”, afirma o delegado Fábio Cardoso.
A polícia vai apurar registros de crimes, principalmente na região da Posse, em Nova Iguaçu. “Vamos verificar os homicídios que aconteceram naquela área e, caso tenham sido cometidos com o mesmo tipo de arma, vamos pedir confronto balístico.”
Histórico de ciúme e agressão
Milton Ribeiro tem duas passagens anteriores pela polícia por agressões a mulheres. “Ele já tem um histórico de violência doméstica”, explicou o delegado.
Amigas da funkeira, que não quiseram ser identificadas, contaram ao G1 que ela parou de dançar a pedido do noivo. Amanda, de 29 anos, é ex-integrante da Jaula das Gostozudas e da Gaiola das Popozudas.
Segundo o delegado, o crime pode ter sido motivado por ciúmes. Miltinho teria almoçado com uma ex-namorada que, no dia do crime, ligou para Amanda para provocar. A ligação teria gerado uma briga e Miltinho saiu de casa. Mais tarde, ele teria voltado cambaleando.
O advogado acredita que um dos motivos do ciúme seriam vídeos recebidos por Milton. Assumpção não quis comentar o teor das imagens para “preservar” Amanda.
Crime registrado por câmeras
Um vídeo postado na página do Radar Costa Verde mostra o momento do assassinato, em registros feitos por câmeras de segurança (veja ao lado, nas imagens editadas por conter cenas fortes).
A polícia confirmou que a dinâmica do crime é a mesma que parece no vídeo. Após discussão, Milton pega a vítima pelo pescoço, bate com a cabeça dela 11 vezes em uma pedra do jardim e dá 10 coronhadas na cabeça dela. Em seguida, entra em casa, veste o colete à prova de balas e se arma com um revólver, três pistolas e uma espingarda calibre 12. Ao passar pelo corpo, dá tiros com a pistola e com a espingarda no rosto da vítima.
Após a morte, Miltinho sai, rende dois homens e rouba um carro, mas é preso logo depois do crime, ao capotar durante fuga da polícia. Quatro armas, incluindo uma escopeta semelhante à que aparece no vídeo, foram encontradas no veículo.
Segundo a polícia, ele não tinha porte para nenhuma das armas encontradas. O advogado falou que tinha autorização por ser colecionador.
Noivos há 4 dias
Amanda Bueno, que na verdade se chama Cícera Alves de Sena, ficou noiva de Miltinho da Van, de 32 anos, quatro dias antes do crime.
O assassinato ocorreu na casa do casal, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, no fim da tarde desta quinta-feira (16).
De acordo com o delegado Fábio Cardoso, da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), o suspeito, que teria roubado um carro logo após assassinar a mulher, foi localizado por agentes da unidade e, ao tentar escapar, perdeu o controle da direção do veículo e capotou.
Ele foi encaminhado, sob escolta policial, ao Hospital da Posse, e liberado com ferimentos leves. De acordo com a polícia, Ribeiro foi autuado por homicídio triplamente qualificado por assassinar a mulher, por motivo fútil e sem possibilidade de defesa da vítima, além de roubo majorado de carro e porte ilegal de armas. Se for considerado culpado pela Justiça, ele pode ser condenado a 65 anos de prisão.
O corpo de Amanda foi levado para o Instituto Médico-Legal (IML). Milton Severiano Ribeiro será transferido para o presídio de Gericinó, em Bangu, nesta sexta-feira, informou a polícia.
Amanda, cuja família é de Goiânia, deixou a Jaula das Gostozudas em janeiro de 2013. “Tão linda. A cena mais chocante que eu já vi”, publicou numa rede social uma amiga da dançarina.
Valesca Popuzuda lamenta
A cantora Valesca Popozuda lamentou a morte de Amanda Bueno em uma mensagem em sua rede social na internet. Elas trabalharam juntas durante um período no grupo Gaiola das Popozudas. Na mensagem, Valesca relembrou relembrou o convívio nos shows e nas viagens com Amanda Bueno. Confira na íntegra:
“Meus pêsames a toda Família da #AmandaBueno. Uma moça que teve seus sonhos interrompidos deixando amigos e família órfãs de seu sorriso e sua presença, Amanda assim como muitas mulheres no mundo foi vítima de violência doméstica, existem donas de casas, advogadas, médicas que sofrem da mesma violência que Amanda sofreu, infelizmente o fim dela foi triste e de uma forma violenta e trágica. Fica meu respeito pela pessoa da Amanda , ficam as lembranças dos shows, as risadas nas viagens e a lembrança da Garra que ela tinha em querer um futuro melhor para sua Filha e sua mãe. Peço a Deus que dê o descanso merecido para Amanda e o conforto necessário para toda sua família”.