A criação do Polo de Biotecnologia em Alagoas, orçado em R$ 1 bilhão, foi discutida na tarde desta terça-feira (28), no Hotel Maceió Atlantic, na Jatiúca, por representantes da Associação Dr. Emerson Casado Gama. O projeto está em fase adiantada de implantação – uma vez que investidores nacionais e internacionais já sinalizaram com o interesse – e a meta é começar a construção em janeiro de 2016 e terminá-la em 2019. O evento contou com a presença de universitários, professores, médicos, empresários e representantes de segmentos afins.
Entusiasta da iniciativa inovadora, o médico Hemerson Casado, que foi diagnosticado com a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) em agosto de 2012, doença degenerativa e progressiva, destacou que o complexo será um avanço para o Estado, já que entre as prioridades está a pesquisa e tratamento de doenças raras e graves, que no mundo atingem quase 500 milhões de pessoas e, segundo o Ministério da Saúde, no Brasil há 14mil casos de ELA. Vale ressaltar que o número não reflete a realidade, já que há subnotificação pela falta de um banco oficial de dados.
“Este problema será resolvido em Alagoas com a criação de uma força tarefa que envolverá profissionais de várias especialidades com o intuito de definir a incidência, estágio e tipo da doença de cada paciente, bem como a assistência que cabe a cada um. Não há em Alagoas e nem nos demais Estados brasileiros um Centro de Referência com esta finalidade. Vale ressaltar que muitos morrem sem diagnóstico e tratamento”, alertou o médico Hemerson Casado.
Países interessados – De acordo com ele, há pelo menos 60 portadores desta doença e a falta de informação a respeito dela assusta portadores e família. Hemerson Casado destacou que, além do Brasil, países como a Inglaterra, Coreia do Sul, África do Sul, Arábia Saudita e Israel já sinalizaram com o interesse em investir no Polo de Biotecnologia.
Segundo ele, constam do projeto o Polo Tecnológico; Polo Industrial; Hospital Pediátrico; Hospital de Clínica e Centro de Reabilitação e Instituto de Neurociência. A empresária e administradora Roberta Bottoni, voluntária da Associação, lembrou que o cirurgião cardiovascular Hemerson Casado, mesmo com a ELA, operou até junho de 2013, levando-o a abraçar a causa e fazer disso uma missão de vida.
“Como a doença é pouco discutida no Brasil, Dr. Hemerson tem sido um mobilizador, mantendo contato com portadores da doença e viajando ao mundo para descobrir o que há de mais avançado sobre ela”, destacou Bottoni. O evento contou com a participação do atual coordenador do curso de Administração da Faculdade de Negócios (FAN), Robson Alves de Lima e Silva, mestrando em Administração pela Universidade de La Empresa em Montevideu, Uruguai, que ministrou palestra sobre A Influência da Educação Técnica e Acadêmica na Formação de Mão de Obra para Atender Novos Nichos Econômicos Alternativos.
Já o professor e economista Lucas Abdré Ajala Sorgato falou sobre a Economia do Conhecimento Influenciando no Desenvolvimento Sócioeconômico e Cultural de uma Região. O consultor Luis Pedrosa da Enzitec/Marpel ressaltou que Alagoas tem condições de ter um Polo de Biotecnologia, tal qual o que está sendo feito em Belo Horizonte, cujo Plano de Negócio também foi executado por sua empresa.
“A ideia é tirar Alagoas da situação de nulidade, considerando que não tem tradição em Biotecnologia, para ser um expoente no Brasil, no que diz respeito ao Parque Tecnológico, a exemplo do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. O empreendimento trará impacto econômico positivo para o Estado, pois será criada indústria de serviços e equipamentos em torno do Polo, que será um Centro Irradiador de Conhecimentos”, acrescentou Pedrosa.
O consultor afirma que visitou seis Parques de Biotecnologia no mundo, a exemplo da Holanda, México e Argentina para se inspirar na elaboração do plano de negócios do Polo de Alagoas. O I seminário realizado pela Associação contou com a presença de empreendedores, professores universitários, médicos e estudiosos da causa.