Um ano após a morte de Fabiane Maria de Jesus, de 33 anos, espancada em maio de 2014 no bairro Morrinhos, em Guarujá, no litoral de São Paulo, a família continua buscando forças para seguir a vida e lutando para que a Justiça seja feita. A mulher foi linchada depois de ter sido confundida com uma sequestradora de crianças.
“Ela deixou muitas saudades. Penso nela todos os dias. Entreguei nas mãos de Deus e tive que tentar continuar a minha vida”, disse o marido, Jailson Alves das Neves.
Fabiane estava casada há 17 anos e tinha duas filhas, uma de 1 ano e a outra de 12.
Até hoje, Jailson busca forças para superar o trauma de ter perdido a mulher de maneira tão violenta e brusca.
Ele não esquece os dois dias em que Fabiane ficou internada no Hospital Santo Amaro, em Guarujá, com traumatismo craniano, e o sofrimento da filha mais velha.
“Estou tentando ser forte por conta das minhas filhas. A mais nova, hoje com dois anos, sempre pergunta sobre a mãe, e isso dói muito”, afirmou.
Relembre o caso
No dia 3 de maio, Fabiane saiu de casa de bicicleta e foi até uma igreja buscar a bíblia que tinha esquecido. Algumas pessoas viram, em uma página no Facebook, o retrato falado de uma mulher que estaria sequestrando crianças em Guarujá para fazer rituais de magia negra e pensaram que se tratava de Fabiane.
De acordo com a polícia, a vítima foi abordada no caminho por um grupo de pessoas, que a agarrou, amarrou e espancou. Depois, ela foi arrastada até uma passarela. As cenas foram gravadas por um celular.
Fabiane foi encontrada por policiais militares em estado grave. Dois dias depois, no dia 5 de maio de 2014, ela não resistiu aos ferimentos e morreu. Cinco pessoas foram presas suspeitas de envolvimento no crime.
Confusão
De acordo com o inquérito, o retrato falado atribuído a Fabiane havia sido feito por policiais do Rio de Janeiro, da 21ª DP (Bonsucesso), em agosto de 2012.
Na ocasião, uma mulher foi acusada de tentar roubar um bebê do colo da mãe em uma rua de Ramos, na Zona Norte da cidade.
Imagens de câmeras de segurança divulgadas na época mostraram uma mulher passando com a filha de 15 dias no colo e sendo seguida pela suspeita. A vítima estava levando o bebê para fazer o teste do pezinho em um posto de saúde. Ao sair da unidade, ela foi surpreendida pela mulher.