Dados do Ministério da Saúde apontam que acidentes domésticos como quedas, queimaduras, intoxicações e afogamentos ainda são a principal causa de morte de crianças com até nove anos de idade no Brasil. Apesar dos registros apontarem uma queda nos óbitos de crianças nesta faixa etária, os números ainda são preocupantes.
De acordo com a pediatra Carla Andréa Campos, casos desse tipo são diariamente vivenciados por profissionais da Unidade de Emergência (UE) do Agreste. As quedas são os principais motivos que levam uma criança a procurar atendimento no hospital, considerado referência em traumas de média e alta complexidade no interior de Alagoas.
Em crianças, as quedas ocorrem das mais diversas formas e, geralmente, provocam torções, fraturas e, nos casos mais graves, lesões na cabeça e coluna. Os motivos são desde os mais simples, como escorregões e tropeços, até os mais graves, como quedas de moto, de árvore, cavalo e de altura.
A maioria dos acidentes ocorre dentro de casa e poderia ser evitado com algumas medidas simples de segurança, a exemplo da instalação de grades em janelas, escadas e varandas de apartamentos; evitar cadeiras ou camas próximas a essas janelas; evitar o uso de beliches para crianças menores de seis anos; evitar encerar o piso e optar por utilizar tapetes antiderrapantes, que reduzem o risco de escorregões.
Ainda de acordo com a pediatra, as queimaduras representam a segunda colocação quando o assunto é acidentes com crianças registrados pela porta de entrada da Unidade.
“Eles ocorrem, na maioria das vezes, pela falta de cuidado e atenção dos pais. São panelas com os cabos para fora do fogão que acabam sendo puxadas e caem sobre as crianças; pais que deixam crianças brincarem com fósforos, velas e, por incrível que pareça, mães que servem a mamadeira quente aos seus filhos”, contou a pediatra.
Os casos de intoxicação também preocupam a especialista, que alerta sobre o armazenamento correto de produtos de limpeza e medicamentos. Segundo ela, muitas pessoas compram água sanitária de fabricação clandestina e esses produtos vêm em garrafas de refrigerante, fazendo com que muitas crianças se confundam e acabem bebendo o líquido. “Produtos de limpeza ou químicos devem ser armazenados em locais altos e, se possível, com cadeado”, frisou.
A pediatra diz, ainda, que os cuidados devem ser redobrados com os bebês. De acordo com Carla Andréa Campos, ao trocar fralda, por exemplo, o responsável deve manter sempre uma das mãos segurando o bebê, a fim de que ele não role da cama e caia no chão. Também é preciso observar a presença de objetos pequenos ao alcance dos bebês, a exemplo de brincos, moedas, balas, bolas de gude e outros brinquedos.
Para evitar engasgos durante a amamentação, a médica recomenda não deitar muito a criança e mantê-la sempre num ângulo de 45 graus. Caso ocorra o engasgo, o recomendado é desobstruir as vias aéreas utilizando um pano ou sugando e procurar imediatamente um hospital.
Acidentes de trânsito preocupam
A violência no trânsito também preocupa a pediatra Carla Andréa. Alguns pais transportam crianças sem qualquer tipo de proteção em carros, motocicletas e ciclomotores. O resultado são acidentes que deixam crianças com ferimentos graves, que podem provocar sequelas para o resto da vida. O pequeno Erinaldo, de apenas 4 anos, teve sorte. A criança deu entrada na UE do Agreste após ser atropelada por uma motocicleta em uma rua interditada.
Segundo a mãe da criança, Ângela Alves de Almeida, foi tudo muito rápido. “A moto passou em alta velocidade por um cavalete que interditava a rua e atingiu o meu filho, que já caiu desmaiado. Foi uma cena horrível, mas graças a Deus ele está bem, apenas se recuperando de algumas escoriações”, frisou a dona de casa, que garantiu que terá mais atenção a partir de agora.