Na última terça-feira, o ASA de Arapiraca eliminou o Vitória da Copa do Brasil e agora irá reencontrar o Palmeiras, mesmo adversário que eliminou de maneira histórica na edição de 2002. A esperança para conseguir uma nova vitória reside nos pés de um habilidoso meia de 26 anos, que recentemente ganhou um apelido forte da torcida: o “Iniesta do Agreste”.
Trata-se de Cícero Dos Santos Bezerra, ou Didira, como é conhecido desde a infância. Na terça, não só ele fez um dos gols do empate por 2 a 2 com o ASA como ainda salvou, meio com a cabeça, meio com a mão, uma chance clara dos baianos na pequena área, tornando-se o grande herói da classificação.
Mas será que ele tem bola mesmo para ser chamado de Iniesta?
“Rapaz, esse apelido surgiu pelo bom Alagoano que eu fiz. Eu até nem sabia, meus companheiros que me contaram, mas achei muito legal. O Iniesta é um grande jogador, e ser comparado a ele é importante. Claro que a qualidade não é a mesma, mas velocidade pelo menos eu tenho (risos). O mais importante é o reconhecimento da torcida”, diz o armador, em entrevista ao ESPN.com.br.
Revelado pelo próprio clube de Arapiraca, Didira joga pela equipe alvinegra desde 2009, com uma passagem pelo Atlético-MG, em 2011. Ele é o grande xodó da torcida alagoana, já que é extremamente indentificado com o clube, do qual foi gandula na infância, ao mesmo tempo em que dava seus primeiros chutes nas categorias de base alvinegras.
Dos tempos de moleque, guarda grandes histórias.
“Nos intervalos, a gente sempre brincava, fazia embaixadinhas, mostrava habilidade e chutava no gol quando os times desciam para o vestiário. A torcida ia ao delírio, gritavam ‘gandula craque, põe ele no lugar de fulano, você é melhor’. Eu fico muito feliz que alguns torcedores hoje me falam: ‘Você era aquele gandula e hoje é ídolo do ASA’. Eu ralei muito para chegar aonde estou hoje”, conta.
Certa vez, durante um jogo entre o time de Arapiraca e o Flamengo, Didira chegou até a brigar com o lateral Léo Moura, em episódio que hoje recorda aos risos.
“Estava 1 a 1. A bola vinha num canto e eu escondia em outro, ganhando tempo para gente não ser eliminado. Até uma hora o Léo Moura gritou comigo: ‘Manda a bola, não precisa fazer isso’. O cara é meu ídolo (risos)! Uma vez joguei contra ele e contei sobre a bronca que ele me deu, o Léo até pediu desculpa (risos). É um cara muito gente boa”, lembra.
Além de pegar as bolas no estádio Coaracy da Mata Fonseca, Didira ainda fazia diversos bicos na cidade do interior de Alagoas para juntar um dinheirinho. Até caldo de cana com pastel ele vendeu para dar aquela força em casa.
“Fiz de tudo um pouco. Fui servente de pedreiro, olhei carro, catei latinha, lavei carro… Eu brigava com meus amigos para pegar os carrões e olhar porque dava um dinheiro a mais (risos). Também fazia caldo de cana e ajudava a vender pastéis. Eu me divertia, ganhava um dinheiro. Sempre batalhei por tudo que eu queria”, recorda.
Sobre enfrentar o Palmeiras, próximo adversário da Copa do Brasil, o camisa 10 já está ansioso. Ele promete dar tudo de si para que o ASA possa voltar a fazer história no torneio mata-mata.
“A torcida é louca para repetir esse feito, mas sabemos que tudo é diferente hoje, inclusive o time deles. É muito importante para gente essa classificação, pois todo mundo quer jogar contra uma equipe do nível do Palmeiras”, ressalta.
O confronto de ida, no Allianz Parque, será na próxima quarta-feira. Já o duelo de volta será apenas depois da Copa América, em 22 de julho, em Arapiraca.