Quatro dias após ser reeleito para mais um mandato à frente da Fifa, o suíço Joseph Blatter convocou nesta terça-feira uma entrevista coletiva na sede da entidade, em Zurique, e surpreendeu ao anunciar que abrirá mão do cargo.
Sentindo-se pressionado pelas denúncias de corrupção envolvendo membros da entidade e escolha das sedes da Copa do Mundo de 2018 (Rússia) e 2022 (Catar), Blatter, de 79 anos e na Fifa desde 1998, decidiu renunciar ao novo mandato e convocar novas eleições, que devem acontecer entre novembro deste ano e março de 2016.
“Embora os membros da Fifa tenham me reelegido presidente, não pareço estar sendo apoiado pelo mundo do futebol. Jogadores, clubes, que inspiram a vida no futebol. É por isso que eu vou convocar um congresso extraordinário e colocar minha função à disposição”, avisou Blatter em seu discurso.
“Um novo presidente será eleito para me suceder entre novembro deste ano e março de 2016. Vou continuar a exercer minha função como presidente até lá. O próximo congresso demoraria muito e esse procedimento será de acordo com o estatuto”, acrescentou.
Blatter salientou que lutará daqui para frente por mais transparência na Fifa. ”Agora estarei numa posição de focar em implementar ambiciosos protocolos de transparência e reformas para seguir o meu mandato”, afirmou. ”Precisamos de limitação de mandatos, não apenas para o presidente, mas para o comitê executivo”, completou.
A Uefa, presidida pelo francês Michel Platini, chegou a planejar uma reunião para boicotar Blatter e a Copa da Rússia.
Corrupção
Na última quarta-feira, sete dirigentes da Fifa e de outras federações do futebol mundial, entre eles, o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, foram presos em Zurique, na Suíça, suspeitos de participar de um esquema de corrupção.
Segundo o Departamento de Justiça americano, que comandou a operação juntamente com a polícia suíça, há suspeita que os dirigentes teriam pagado mais de US$ 100 milhões propinas desde os anos 90, além de serem acusados por lavagem de dinheiro, crime organizado e fraude eletrônica. Golpes nas escolhas das próximas Copas do Mundo (Rússia em 2018 e Catar em 2022) também serão investigadas.