A produção industrial brasileira cresceu em 9 de 14 locais em maio, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgada nesta sexta-feira (10), com destaque para os aumentos que partiram do Ceará (3,6%), do Amazonas (2,6%), de Pernambuco (1,4%) e de Minas Gerais (1,3%).
Também mostraram resultados positivos Santa Catarina (0,7%), Espírito Santo (0,6%), São Paulo (0,5%), Paraná (0,3%) e Rio de Janeiro (0,2%).
“Esses nove locais acompanharam o crescimento do Brasil. Na passagem de abril para maio, a indústria brasileira avançou 0,6%. Ele [avanço] se distribuiu não só em termos de atividade, mas em termos de locais investigados”, explicou Rodrigo Lobo, pesquisador de indústrias do IBGE.
Por outro lado, caíram as produções da Região Nordeste (-2,2%) – que inclui os outros estados da região -, do Rio Grande do Sul (-1,6%), do Pará (-1,5%), Bahia (-1,0%) e Goiás (-0,6%).
“A última vez em que a indústria mostrou esse resultado foi em março de 2015, um período recente, mesmo com aquela queda de 0,8%, a maior parte dos locais mostrou crescimento. Resultado maior foi em julho de 2014, quando 11 dos 14 mostraram crescimento da produção industrial, por conta de uma baixa base de comparação em junho por conta da Copa do Mundo”, completou.
Na comparação com maio do ano passado, a maioria dos locais registrou redução na produção. Os recuos mais intensos partiram de Ceará (-13,9%), São Paulo (-13,7%), Amazonas (-13,7%) e Rio Grande do Sul (-13,3%).
Tanto no acumulado em 12 meses quanto no ano – de janeiro a maio -, o especialista ponderou que a indústria “vem mantendo trajetória descendente”. “Onze dos 15 locais estão com taxas negativas nesse tipo de confronto e no acumulado de janeiro a maio: 13 dos 15.”
Não é momento para comemorar
Apesar do resultado positivo de abril para maio, um crescimento na margem não vai indicar, necessariamente, uma retomada consistente da produção industrial. Para que isso aconteça, outros fatores macroeconômicos precisam ajudar”, afirmou Rodrigo Lobo.
Entre os fatores, o pesquisador do IBGE destacou que “hoje, a gente tem taxa de juros crescentes que encarecem o crédito, e aumentam os níveis de inadimplência. Isso faz com que deprima a demanda por produtos industriais. A gente tem inflação crescente, aliada aos menores ritmos de expansão da renda, que faz com que haja menor poder aquisitivo, também gerando menor demanda por produtos industriais.”
Depois de três meses seguidos de queda, a produção industrial nacional cresceu 0,6% em maio, na comparação com abril, segundo o IBGE informou no início do mês.
“A entrada desse 0,6% num primeiro momento não modifica em nada a análise que a gente vinha tendo até então, ou seja, setor industrial com menor rimo de produção, maior parte das atividades mostrando saldo negativo”, declarou André Luiz Macedo, gerente de Indústria do IBGE, na ocasião.
“Mesmo com maio vindo num ritmo maior do que abril tinha nos mostrado, ainda assim a trajetória do setor industrial é de queda, mostrado não só no total da indústria como nos seus grupamentos”, completou.
Contribuíram para o leve crescimento as produções de equipamentos de transporte (8,9%), de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (1,1%) e de perfumaria, sabões, detergentes e produtos de limpeza (1,9%). Também cresceram as indústrias de bebidas (2,7%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (3,6%).
Na contramão, caíram as produções de produtos alimentícios (-1,9%), máquinas e equipamentos (-3,8%) e produtos têxteis (-6,5%).
“Setor de bebidas, vestuário, perfumaria, parte do setor de derivados de petróleo são atividades que mostraram avanço nesse mês. Talvez muito desse crescimento tenha relação com a quedas sucessivas em meses anteriores. Pode ser um avanço de produção normal em função da redução do ritmo de produção por conta de uma demanda doméstica mais lenta”, analisou André Luiz Macedo.
Segundo o gerente, entre os principais impactos negativos está o setor alimentício. “Muito desse resultado tem relação com produção do açúcar. A gente observa nessa atividade, um pouco da mudança de mix da safra da cana de açúcar, saindo de uma safra mais voltada para o açúcar e indo para uma mais voltada para o álcool, então, isso pode estar explicando uma queda acentuada do açúcar nesse mês”, analisou.
Entre as grandes categorias econômicas, mostraram taxas positivas bens de consumo semi e não-duráveis (1,2%), depois de caíram por sete meses seguidos, e bens de capital (0,2%).
“O setor extrativo é a principal atividade em termos de impacto positivo. É uma das poucas que mostram crescimento quando o corte de análise são as atividades. Permanece a influência positiva tanto do minério de ferro quanto do setor do petróleo”, afirmou Macedo.
De acordo com André Luiz Macedo, o patamar de maio está 11,7% distante do pico da série da produção industrial, alcançada em junho de 2013. “É uma distância importante em relação ao patamar mais alto da série. Mês passado era maior, 12,3%, mas ainda é muito grande.”
O gerente afirmou ainda que o resultado de taxas negativas em 72,4% dos 805 produtos investigados na indústria é o mais elevado desde o início da série histórica para essa análise, janeiro de 2013.
“Em termos conjunturais, os fatores que explicam ou explicavam a queda permanecem: vão desde o baixo nível de confiança do empresário, do consumidor, a evolução mais lenta da demanda doméstica, o mercado de trabalho menos favorável do que era no passado, o preço em patamares mais altos, renda disponível menor, cenário internacional permanece adverso.”