Um ano atrás, após recapturar Joaquin Guzmán Loera, as autoridades do México afirmaram que não havia a menor possibilidade de o notório traficante fugir novamente.
No entanto, foi justamente o que aconteceu: na noite de sábado, o homem conhecido como “El Chapo” (o tampinha, por causa de sua baixa estatura), escapou da prisão de segurança máxima de Altiplano, a 90 km da Cidade do México, por meio de um túnel subterrâneo de 1,5 km de extensão.
A passagem foi cavada embaixo do chuveiro de um dos banheiros da prisão, segundo informaram as autoridades.
‘Desumano’
Foi neste local que ‘El Chapo’ foi visto pela última vez pelas câmeras de segurança da prisão, às 20h52m de sábado.
“Até aquele momento o dia tinha transcorrido sem problemas”, disse o comissário nacional de segurança, Monte Alejandro Rubido.
Depois de os guardas estranharem a demora de Guzmán em sair do banheiro e de não o verem em sua cela, foram procurá-lo.
Encontraram um painel falso nos chuveiros, que escondia a entrada para o túnel. A sofisticação da via de fuga impressionou as autoridades: escavado a 10 metros de profundidade, o túnel contava com iluminação e mesmo um sistema de ventilação.
A escavação usou uma espécie de motocicleta sobre trilhos para retirar a terra do túnel até o local de saída, uma casa em construção num vilarejo próximo à prisão.
Há fortes suspeitas de que carcereiros e agentes penitenciários facilitaram a fuga de “El Chapo”, e as autoridades mexicanas disseram que 18 funcionários estão sob investigação. Desde sábado não houve troca de turno na prisão.
Roupa suja
Construído em 1990, o presídio Altiplano era considerado o mais seguro do México; ele abriga alguns dos mais perigosos criminosos do país. As condições de vigilância são consideradas extremas e, recentemente, “El Chapo” fez parte de um grupo de prisioneiros que se queixou à Comissão Nacional de Direitos Humanos sobre o que chamou de “tratamento desumano”.
A polícia instalou barreiras de controle na região de Almoloya de Juárez, onde fica a prisão, com direito a revistas de carros e caminhões.
Guzmán foi preso pela primeira vez em 1993, sob a acusação de tráfico e homicídio, mas fugiu em 2001. Ficou 13 anos ludibriando as autoridades mexicanas, mesmo depois de o Departamento de Justiça dos EUA oferecer uma recompensa de US$ 5 milhões por sua captura.
Para os americanos, “El Chapo” é o traficante mais perigoso do mundo e desde 2009 ele aparece na lista de pessoas mais poderosas do mundo publicada pela revista de economia Forbes, que também estima que sua fortuna passe de US$ 1 bilhão.
No tempo em que esteve foragido, ele usou contou com um poderoso aparato de segurança e uma rede de informantes capaz de avisá-los dos movimentos das autoridades.
O criminoso foi finalmente preso em fevereiro do ano passado, no balneário de Mazatlán, que fica em Sinaloa, a região em que “El Chapo” fundou um dos principais cartéis de drogas do México e que, segundo o governo americano, teria traficado mais de 200 toneladas de cocaína para o país entre 1990 e 2008.
Curiosamente, o uso de túneis é uma marca registrada do cartel para o tráfico de drogas. Em diversas cidades mexicanas sob domínio de Sinaloa e que fazem fronteira com os EUA já foram encontradas várias escavações do gênero.
Mas, em 2001, foi um método mais simplório que ele aplicou para escapar da prisão: escondeu-se em um cesto de roupa suja.