Supercampeões da Olimpíada de Matemática dão dicas de estudos

Três estudantes falam sobre o que é importante para conquistar medalhas. Rotina de estudos e acreditar no próprio potencial são fundamentais, dizem.

Gabriel Fazoli e Alessandro Pacanowski exibem suas medalhas entre outros estudantes campeões (Foto: Cristina Boeckel/ G1)
Gabriel Fazoli e Alessandro Pacanowski exibem
suas medalhas entre outros estudantes campeões
(Foto: Cristina Boeckel/ G1)

Se para muitos alunos das escolas brasileiras estudar matemática é um tormento, para ospremiados na 10ª edição da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep), ela é um prazer. A disciplina que é o terror dos estudantes ajudou três jovens a começar a conquistar seus espaços na sociedade e a construir carreiras dentro e fora do Brasil. O G1 conversou com Gabriel Fazoli e Alessandro Pacanowski, que são heptacampeões da competição, e com Tábata Pontes, que, após duas vitórias, ganhou uma bolsa de estudos em uma instituição de ensino particular. Eles deram dicas para quem deseja, assim como eles, conquistar uma carreira de sucesso na competição e ser disputado por algumas das melhores instituições de ensino superior no país e no exterior.

Para Gabriel Fazoli, heptacampeão da competição, o segredo para tirar boas notas é manter uma rotina de estudos, mas não necessariamente com um grande volume de estudos. Apenas um pouco a cada dia. “O segredo é ter uma rotina de estudos e estudar um pouco a cada dia”, afirmou ele.

Gabriel levou o conhecimento que aplicou na Obmep para a vida. Tanto que está no primeiro ano do curso de matemática da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Ex-aluno da Escola Estadual Rubens Ferreira Martins, ele afirma ainda que, para ter resultados consistentes, é preciso estudar o ano inteiro, para que a matéria seja compreendida, e não decorada.

Questões de lógica
Como a prova da Obmep tem um perfil no qual o estudante procura aplicar o conhecimento ao cotidiano, o exame torna-se mais fácil caso o aluno consiga transportar o conhecimento que aprende na sala de aula para o dia a dia.

“A Obmep trabalha mais com a lógica, então são questões que envolvem alguma matemática, só que elas envolvem mais o raciocício em si. Você pega uma ferramenta que já tem e aplica o raciocínio lógico e acha a resposta”, afirma o jovem de 18 anos, da cidade de Urupês, no interior de São Paulo.

Outro heptacampeão da Obmep, o carioca Alessandro Pacanowski, também de 18 anos de idade, começa a enfrentar grandes desafios assim como o colega paulista. Em agosto ele embarca para os Estados Unidos para estudar na Universidade Yale, uma das mais prestigiadas do mundo. Ele foi aluno do Colégio Militar do Rio de Janeiro e aconselha aos competidores tentar fazer exercícios de séries mais adiantadas.

“Primeiro tem que gostar de matemática. Se você pegar um livro de uma série mais adiantada do que a sua ou consultar o banco de questões antigas da Obmep, que também é uma boa fonte de estudos… Aí é só querer, estudar e aí você pode ganhar uma medalha”, afirma o jovem.

Projeto social
Tentando ajudar outros estudantes que desejam se tornar campeões, Alessandro tem um projeto social com amigos nos quais ensina matemática para pessoas que desejam participar das provas. O projeto Fermat, Formação em Raciocínio Matemático, é um trocadilho com o nome do matemático e cientista francês do século XVII, Pierre de Fermat. O projeto está nas cidades de Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Carlos, Brasília e Teresina.

“A gente tenta incentivar o estudo da matemática. Quando chega alguém fraco, a gente vê a base da pessoa e a trabalha bem. Tem que saber fazer tabuada, as quatro operações, tem que saber fazer equações simples. Aí depois nós começamos a pegar problemas da Obmep mesmo para treinar com eles”, afirma Pacanowski.

Ele conta que a competição abriu portas. “Eu comecei na Obmep e consegui participar de olimpíadas maiores, foi para a Olimpíada Internacional na Romênia, na África do Sul, para a Colômbia, Honduras. Eu fui para vários lugares representar o Brasil”, conta ele, que acredita que o currículo amplo o ajudou a ser aprovado para estudar em Yale, onde pretende estudar economia, mas quer pegar matérias de várias carreiras diferentes.

Novos voos no exterior
Tábata Pontes, de 21 anos, ganhou duas medalhas de ouro nas Obmep. Ela conquistou o prêmio na 5ª e na 6ª séries. A participação na competição foi interrompida graças a uma oportunidade: os bons resultados fizeram com que ela ganhasse uma bolsa de estudos no Colégio Etapa, em São Paulo, que é particular. Mas mesmo assim, ela continuou participando de outras olímpiadas de conhecimento. Além da matemática, ela se aventurou pela física, química e robótica. “A Obmep foi a porta de entrada para mudar a minha vida”, afirma a jovem, que também representou o país em competições internacionais de astrofísica.

A Obmep mudou tanto a vida de Tábata que ela foi aprovada, com bolsa de estudos, em seis universidades americanas. Atualmente, ela está no terceiro ano do curso de ciências políticas, com o curso secundário em astrofísica na Universidade Harvard, nos EUA.

Para ela, acreditar no próprio potencial é fundamental para seguir em frente. “O que me ajudou muito é que eu tive muitas pessoas que acreditaram em mim, quando eu mesma não acreditava. Por isso eu digo que tem que acreditar bastante em você e no seu potencial. Sonhe bem grande”, filosofa a jovem.

Para o futuro, Tábata pensa em voltar ao Brasil e trabalhar com educação pública. Ela confessa que realmente é preciso estudar com afinco também fora da sala de aula. “Mas o primeiro passo é se interessar. E ver a prova como algo diferente e divertido. Quando você pega o gosto, é fácil estudar fora da sala de aula.”

Tábata acredita que os estudantes brasileiros precisam acreditar mais no próprio potencial. “Rompa essa barreira de ‘eu não sou bom em matemática, eu não consigo’. Isso me atrapalhava muito. Eu só consegui as coisa quando eu comecei a pensar: ‘Eu acho que eu consigo’. Acredite bastante que vai dar certo.”

Fonte: G1

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