Energia eólica pode auxiliar na irrigação das áreas contempladas com a água do Canal do Sertão.
Energias renováveis, irrigação autossustentável e a integração entre lavoura, pecuária e vegetação nativa do Sertão alagoano foram os temas contemplados em edital lançado pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Alagoas, em 2013, para estimular os pesquisadores locais a voltarem sua atenção para Canal do Sertão e suas imediações. Foram investidos quase R$ 750 mil em três projetos de execução multidisciplinar, envolvendo a Universidade Federal de Alagoas (Ufal), a Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), o Instituto Federal de Alagoas (Ifal) e a Embrapa.
Atualmente, duas das pesquisas já geraram dados sólidos. Uma delas, está em fase de disseminação de protótipos testados. Por isto, a Fapeal e a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação de Alagoas estão promovendo a articulação política necessária para disponibilizar o conhecimento gerado e as soluções tecnológicas viabilizadas a gestores públicos estaduais e federais.
Duas reuniões com esse intuito já se efetivaram: A primeira ocorreu no âmbito do Congresso Acadêmico Integrado de Inovação e Tecnologia (CAIITE), em 17 de junho último, e contou com a presença do reitor da Ufal, Eurico Lôbo, e de representantes da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Banco do Nordeste do Brasil (BNB).
Na segunda, em 2 de julho, o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação, Pablo Viana, e o diretor-presidente da Fapeal, Fábio Guedes, apresentaram um kit de irrigação automático e autossustentável para os secretários de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Alexandre Ayres; do Trabalho e Emprego, Rafael Brito; e para o diretor-presidente do Instituto do Meio Ambiente (IMA), Gustavo Lopes.
O protótipo apresentado é composto de uma estação energética de baixo custo, integrada por um painel solar e uma torre eólica, para rodar um sistema de irrigação capaz de economizar água e energia e fornecer dados para o melhor aproveitamento possível das poucas áreas cultiváveis do semiárido alagoano.
O produto foi bem recebido, levando em conta questões práticas de infraestrutura e gestão necessárias para prover acesso de fato às populações que se encontram em posição de serem beneficiadas pela água do Canal.
Na perspectiva da governança, porém, continuam os desafios relativos a custos e financiamentos, para tornar a tecnologia acessível a um número significativo de produtores, além da necessidade de mudar uma cultura arraigada de práticas não-sustentáveis.
De acordo com Fábio Guedes, pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico são fundamentais para aproveitar esse novo elemento dentro do setor rural de Alagoas da melhor forma possível: “Sem isso, a gente não pode explorar com responsabilidade e respeito ao meio ambiente as potencialidades que essa obra hídrica poderá trazer para o Estado, sobretudo para melhorar a vida das pessoas”.
Ele acrescenta ainda que a transferência de tecnologia e a educação dos produtores agrícolas sobre essas novas possibilidades em desenvolvimento são etapas indispensáveis na perspectiva da geração de emprego e aumento de renda no sertão de Alagoas por meio do Canal.
