A Polícia Federal deflagrou, no início da tarde desta terça-feira (11), a terceira e última fase da operação CID-F, que investiga membros de uma quadrilha especializada em fraudar benefícios do INSS em Alagoas. Um homem, identificado como Benedito Manoel da Silva, de 55 anos, e apontado como o maior fraudador do INSS no Estado, foi preso em Maceió. O prejuízo aos cofres públicos, segundo a PF, pode ter ultrapassado R$ 10 milhões.
De acordo com o delegado Alexandre Mendonça, presidente do inquérito, na tarde de hoje foram cumpridos um mandado de prisão preventiva, que resultou na prisão de Benedito Manoel, dois mandados de condução coercitiva contra parentes do acusado, e quatro mandados de busca e apreensão, que resultou na apreensão de um veículo Honda Civic prata, de placa OXN-6495 de Maceió.
As fraudes aconteciam da seguinte maneira: Benedito Manoel, conhecido como Biu, aliciava pessoas que tinham interesse de receber benefícios da previdência e um contador acrescentava dados falsos de empresas inexistentes na carteira de trabalho. A pessoa simulava problemas mentais, que eram atestado por um médico e conseguiam o benefício. “Eles conseguiam benefícios muito altos, que chegavam a mais de dois mil reais”, disse o delegado.
Apesar das investigações terem começado em 2009 e, neste espaço de tempo terem acontecido duas operações, a Polícia Federal ainda não havia chegado ao cabeça da quadrilha. Segundo o delegado Alexandre Mendonça, ele era o maior articulador das fraudes, mas muito cauteloso. Já com todas as representações prontas, o delegado relatou que antes de os mandados serem expedidos, Benedito Manoel se mudou.
“Este estelionatário deu muito trabalho para ser encontrado por nós porque sabíamos que era apenas um Biu. Quando chegamos ao seu nome, o fato de ser muito comum, também dificultou para ele ser identificado. Ele era sempre muito cauteloso, só falava sobre os esquemas por orelhões, não usava telefone celular. Os imóveis e contas bancárias estão em nomes de laranjas. Estávamos com uma operação montada, esperando somente os mandados serem expedidos e ele simplesmente sumiu. Mas hoje conseguimos prende-lo e apreendemos com ele uma lista com nome de beneficiários e vários cartões de saque de benefícios. Além disso, ele vinha recebendo benefício como portador de transtornos mentais, mas enquanto investigávamos, percebemos que ele vivia normalmente, dirigia e estava muito bem das faculdades mentais. Posso dizer que ele é o maior fraudador que já investiguei no tempo que atuo com fraudes da previdência”, relatou o Alexandre Mendonça.
O delegado explicou que conseguiu chegar até o acusado após investigar o segundo inquérito da operação, desmembrado pelo Ministério Público Federal, quando a ex-esposa do acusado havia sido presa. “Em 2011 uma filha dele também havia sido presa, mas não tivemos como saber dele. Ele era chamado de Biu, apenas. Mas ainda nesta primeira fase, um dos presos resolveu fazer delação premiada e disse o nome dele e que uma filha dele havia sido presa. Aí fomos olhar todas as presas mulheres e achamos a única que tinha Benedito como pai. Depois a ex-esposa dele apareceu em um inquérito desmembrado e também chegamos ao filho dele, que era um de seus laranjas”, disse.
Além de Benedito Manoel, todas as pessoas que constam na lista de beneficiários e nos cartões de saque encontrados com ele serão investigadas. Em relação à participação de servidores do INSS no esquema, o delegado afirmou que, por enquanto, ainda não tem nenhuma evidência e isso será investigado a partir de agora.
Participaram da operação o presidente do inquérito, delegado Alexandre Mendonça, André Santos Costa, Delegado Regional Executivo e Fábio Maia, delegado de combate ao Crime Organizado.
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