Dados sobre médicos especialistas variam 75% em Alagoas

Um estudo preliminar do Ministério da Saúde indica uma desigualdade de informações existentes sobre formação de médicos especialistas em todos os estados brasileiros. Em Alagoas, a variação entre os cadastros existentes é de 75% para a oftalmologia, primeira área analisada. Em todo o país, a discrepância chega a 75,6% nesta especialidade. Outras duas áreas, cardiologia e ortopedia, também estão sendo analisadas e já apresentam um desencontro de informações. As áreas foram as primeiras escolhidas, pois são citadas entre as maiores necessidades de gestores, profissionais da Atenção Básica e usuários.

O ministro da Saúde, Arthur Chioro, apresentou dados nesta quarta-feira (12) na Câmara dos Deputados. Os parlamentares analisam proposta que inviabiliza a criação de um cadastro nacional com informações sobre os especialistas e que ajudariam na construção de políticas voltadas para a melhor distribuição dos médicos no país. O projeto de decreto legislativo Nº 157/2015 do deputado Henrique Mandetta (DEM/MS) poderá ser votado ainda nesta semana.

“Precisamos qualificar as informações existentes para o desenvolvimento das políticas públicas de atenção à população brasileira. Elas são úteis para ações de incentivo à formação de médicos especialistas, sempre respeitando as atribuições das associações de cada área e da Comissão Nacional de Residência Médica”, disse o ministro da Saúde, Arthur Chioro. Segundo ele, um dos elementos mais importantes para isso será o Cadastro Nacional de Especialistas, previsto na Lei do Mais Médicos e lançado na semana passada.

No estudo inicial, foram avaliadas as informações dos documentos do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), da Demografia Médica do Brasil (CFM/CREMESP) e da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), além do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES/MS). Os dados de Alagoas apontam para a existência de 182, 104, 44 e 146 profissionais, respectivamente. Na comparação dos cadastros gerais que incluem residências médicas (CBO x CFM/CREMESP), a variação é de 75%.

Já em todo o país, as quantidades registradas são 17.325, 9.862, 3.909 e 11.407 profissionais, na mesma ordem, e uma variação de 75,6%. Comparando dentro de uma mesma região, o índice ultrapassa 80% no Nordeste e Sudeste, por exemplo, o que impossibilita qualquer avaliação sobre a distribuição dos especialistas no país. As maiores disparidades estão em Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo, Ceará e Amazonas.

Considerando os dados da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) do Ministério da Educação as disparidades entre as informações existentes são ainda maiores. A diferença apresentada em relação aos dados do CBO é de 343%.

CADASTRO NACIONAL – O Cadastro Nacional de Especialistas proposto pelo governo federal vai englobar as informações do Ministério da Educação, do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, da Agência Nacional de Saúde Suplementar, da Associação Médica Brasileira e no Conselho Federal de Medicina. O principal objetivo é aprimorar o planejamento para formação e distribuição de novos especialistas, o que subsidiará a criação de novas políticas na área. O banco permitirá saber onde o médico se formou, qual sua especialidade e onde atua. Ele incluirá, ainda, informações sobre as formações e pós-graduações dos profissionais, o que será importante para o sistema de ensino, principalmente em um momento de ampliação do quadro de docentes médicos nas Universidades.

A Lei e o decreto não alteram o modo atual de concessão e registro do título de especialista, que continua sendo prerrogativa da Comissão Nacional de Residência Médica, das associações médicas e do Conselho Federal de Medicina. O Cadastro Nacional de Especialistas é um passo importante para o estabelecimento de um sistema nacional de saúde capaz de vencer as diferenças regionais e levar atendimento de qualidade a todos.

A residência médica e sua universalização, com a oferta de vagas a todos os médicos formados, é uma das prioridades do Mais Médicos. O Programa prevê, até 2018, 12,4 mil vagas de especialização. Desde 2013, já foram autorizadas 7.742 vagas, o equivalente a 62% da meta. A ampliação das oportunidades para formação de médicos de família também cumpre à legislação do Programa que transformou a especialização nesta área em pré-requisito para a formação em outras especialidades.

O Mais Médicos prioriza também a formação e o provimento emergencial de profissionais. Além das 12,4 mil oportunidades de residência, serão criadas também, até 2017, 11,5 mil vagas de graduação, das quais 5.306 (46%) já foram autorizadas em 82 municípios. Além disso, o Programa está levando médicos para o interior e periferias enquanto as medidas de longo prazo ainda não são capazes de gerar resultados, já que cada médico demora seis anos para se formar e pelo menos dois para se especializar. Existem, atualmente, 18.240 médicos do Programa atuando em 4.058 municípios, beneficiando 63 milhões de pessoas. A atuação desses profissionais já mostra bons resultados, com aumento acentuado do número de consultas (33%) e redução das internações (4% mais que em outros locais).

 

Região

UF

CBO

Demografia do CFM

Oftalmo CNRM

CNES

Variação* CBO x Demografia do CFM (%)

NORTE

AC

20

19

5

12

5,2

NORTE

AM

162

88

43

101

84

NORTE

AP

16

12

5

17

33,3

NORTE

PA

235

135

50

199

74

NORTE

RO

55

49

18

55

12,2

NORTE

RR

15

14

6

19

7,1

NORTE

TO

54

48

22

47

12,5

NORTE

TOTAL

557

365

149

450

52,6

NORDESTE

AL

182

104

44

146

75

NORDESTE

BA

996

569

172

632

75

NORDESTE

CE

529

284

113

368

86,2

NORDESTE

MA

148

84

41

128

76,1

NORDESTE

PB

210

138

52

181

52,1

NORDESTE

PE

677

264

71

515

156,4

NORDESTE

PI

183

110

73

123

66,3

NORDESTE

RN

201

111

44

151

81

NORDESTE

SE

115

78

36

88

47,4

NORDESTE

TOTAL

3241

1742

646

2332

86

CENTRO-OESTE

DF

537

331

179

340

62,2

CENTRO-OESTE

GO

329

350

212

365

-6

CENTRO-OESTE

MS

173

130

50

142

33

CENTRO-OESTE

MT

163

123

62

141

32

CENTRO-OESTE

TOTAL

1202

934

503

988

28,6

SUDESTE

ES

227

255

111

258

-10,9

SUDESTE

MG

1883

1140

461

1255

65,1

SUDESTE

RJ

2363

1024

360

1211

130,7

SUDESTE

SP

5348

2751

970

3382

94,4

SUDESTE

TOTAL

9821

5170

1902

6106

89,9

SUL

PR

1031

657

330

604

56,9

SUL

RS

929

596

180

566

55,8

SUL

SC

544

398

199

361

36,6

SUL

TOTAL

2504

1651

709

1531

51,6

BRASIL

17325

9862

3909

11407

75,6

* Comparação de cadastros gerais que incluem residência médica

 

Fonte: Ministério da Saúde

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