Docentes e técnicos-administrativos da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) realizaram, na manhã desta terça-feira (18), um novo protesto contra os cortes da educação promovido pelo governo federal. Em greve desde maio, os servidores aproveitaram o Dia Nacional do Servidor Público Federal, comemorado hoje, para pressionar o governo a ter uma negociação válida com as categorias e encerrar em definitivo a greve.
De acordo com o professor de economia José Menezes Gomes, o Projeto de Lei 4330/04, aprovado em abril pela Câmara dos Deputados e que prevê uma série de terceirizações no serviço público, já começa a surgir dia após dia na realidade das universidades federais. “Para você ter uma ideia, São Paulo é o Estado que mais tem professor atuando sem concurso público”, destaca.
Para ele, atualmente na Ufal, o Hospital Universitário já atua com esse sistema de contratação de terceirizados para preencher o quadro de técnicos. A decisão é vista tanto pelos administrativos quanto pelos professores como um descaso e precarização das formas de trabalho. “Atualmente não temos nada disso no quadro de docentes, mas no corpo técnico já observamos esse avanço, principalmente daqueles que trabalham para o H.U”, garante Menezes.
Ainda segundo o educador, esse mesmo corpo técnico estaria passando por dificuldades por estar atualmente com um mês de atraso salarial. “A privatização do serviço público não é a solução. Aí vem o governo Federal e corta R$ 8 bilhões da educação e libera quase R$ 5 bilhões para o Fies [Fundo de Financiamento Estudantil], o que se reflete em um financiamento claro no ensino privado que mal realiza ensino, e não possui pesquisa e extensão. Combate a terceirização é combater a corrupção”, diz.
O educador, que é economista por formação, avalia que o montante cortado pela gestão da presidente Dilma Rousseff poderia gerar 1 milhão de novas vagas nas universidades públicas. “Eu tenho todos essas cálculos anotados, seria 1 milhão de novas vagas paras os filhos de pobre”, diz.
Além do fim da terceirização das empresas públicas, os professores querem o pagamento de reposições salariais, realinhamento da carreira e contratação de novos educadores por meio de concurso. No último mês de julho, a classe rejeitou sistematicamente a proposta do governo federal de parcelar a reposição salarial em 21,3% nos próximos quatro anos.