Durante entrevista na manhã desta sexta-feira (28) à Rádio Gazeta, o presidente da Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal), Clécio Falcão, atribuiu à Prefeitura de Maceió a responsabilidade pela fiscalização dos esgotos que são despejados nas galerias pluviais.
Pajuçara
Sem citar nomes e de forma muito genérica, o presidente atribui o fato a “gestões passadas” e, com tranquilidade, confessou que o problema de balneabilidade nas praias da capital é antigo. Clécio citou as estações elevatórias da Praça Lions até a 13 de Maio como exemplo, admitindo que não estão limpas e que mesmo limpas os alagamentos em períodos chuvosos não seriam solucionados. “O sistema de esgotamento da Pajuçara é da década de 80, aquele coletor está assoreado e mesmo que seja desobstruído o problema deve persistir. A solução é um coletor paralelo,” avalia Falcão.
Ainda sobre o esgotamento da Pajuçara, o presidente afirmou que a gestão anterior conhecia o problema, mas que deixou para esta gestão sua solução. “Esta é uma obra de engenharia que deve custar cerca de R$ 8 milhões. A gestão anterior tentou e não conseguiu e esta assumiu o compromisso. Um coletor paralelo deve ser construído desde a estação elevatória da Praça Lions até a 13 de Maio e a obra deve durar cerca de seis meses,” estima Clécio.
De acordo com o presidente, cabe à Prefeitura fiscalizar e que, nas suas palavras, “precisa ser mais atuante”. Clécio também ‘sugeriu’ que a água de esgoto jogada ao mar seria oriunda de outras regiões e não dos bairros da orla. “Temos que levar em conta que o curso da água são de áreas mais internas, de regiões que não tem esgotamento.”
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O presidente da Casal reconheceu o fato, que ele chamou de ‘transtorno’ e declarou que a população está mal informada. “Estamos sofrendo críticas da população que não tem conhecimento do assunto.”
Região Sul
Sobre a região Sul, Clécio declarou que o esgotamento daquela região é enviado para o emissário submarino e sobre os alagamentos registrados todas as vezes que chove, o presidente declarou que “pode acontecer em questões pontuais”. A mesma explicação Clécio deu para a Avenida Senador Rui Palmeira e disse ainda: “É uma situação que herdamos de gestões passadas. Existem obras na região Sul que têm contratos de mais de dez anos e que não foram encerrados. Trechos que não foram implantados, cheios de descontinuidade, alguns trechos e coletores que não foram concluídos,” declara com tranquilidade o gestor da Casal.
Congelamento da verba
Clécio também rebateu as declarações de Davi Maia, Secretário do Meio Ambiente do município, que declarou que a Sempma irá pedir o congelamento de R$ 12 milhões de impostos arrecadados pela Companhia e que deveriam ser destinados aos planos de contingência ou investimentos na capital. Segundo o secretário, 84% das operações realizadas pela Casal são bancadas pelos consumidores de Maceió. David disse ainda que pedirá o fim do subsídio cruzado – uma acordo que envolve o uso do dinheiro em cidades do interior. Na opinião do secretário, o investimento difuso estaria prejudicando a cidade de ter um esgotamento sanitário adequado.
Clécio rebateu dizendo que essa era uma questão de desinformação: “A arrecadação de Maceió é de 45% e o sistema de subsídio cruzado ocorre em todas as regiões do país.” Clécio disse ainda que se a tarifa for alterada isso acarretará em um problema social e de política pública, falando em ‘êxodo’. Para Clécio a redução da tarifa na capital implicaria em um automático aumenta nas demais e, segundo ele, a população não teria condições de arcar com a conta e como água é um bem indispensável essa parcela da população migraria.
Entenda o caso
No último dia 26, a Polícia Federal concedeu coletiva afirmando que o resultado de laudos da água colhidas de trecho da praia de Jatiúca, e na Avenida Amélia Rosa apontam água de esgoto nas galerias pluviais. O laudo atesta a presença de fezes humanas e papel higiênico nas águas despejadas diretamente no mar.
Galerias pluviais (água das chuvas) são obras de responsabilidade do Poder Executivo Municipal, cabendo à Casal as estações de esgotos. Depois dos constantes aparecimentos de manchas escuras nas praias de Maceió, uma investigação comandada pela Polícia Federal comprovou que as galerias pluviais da parte baixa da capital estão contaminadas com água de esgoto.