Um sucesso de vendas, o fuzil AR-15 Crusader vem despertando críticas por apelar à religião: a arma vem “decorada” com citações à Bíblia e símbolos cristãos.
Seu nome é inspirado nas Cruzadas, as expedições militares cristãs que cruzaram a Europa para tentar recuperar o domínio sobre Jerusalém durante a Idade Média. Assim como esses grupos faziam, o fuzil carrega a cruz templária.
E uma citação bíblica específica: “Bendito seja o Senhor, minha rocha, que adestra minhas mãos para a guerra, meus dedos para a batalha”, lê-se no Crusader. Trata-se de um verso do livro bíblico de Salmos.
Mensagens
A Spike’s Tactical, empresa que produz o Crusader, no Estado norte-americano da Flórida, também incorporou as palavras “paz”, “guerra” e “Deus vult” (“Deus quer”, em tradução livre do latim), grito de guerra usado quando o papa Urbano 2º deu início à primeira cruzada, em 1095.
Representantes da empresa afirmaram a vários sites que as mensagens e símbolos no fuzil garantiriam que ele não seja usado por seguidores de outras religiões que não a cristã.
O porta-voz da companhia chegou a dizer, em um vídeo promocional, que “nenhum muçulmano se atreveria a tocar a arma”.
Esse argumento foi criticado por meios de comunicação e usuários de redes sociais.
Críticas
Colin Wolf, colunista do Orlando Weekly, escreveu que a empresa que comercializa o Crusader “ignora, convenientemente, o fato de que a maioria dos tiroteios nos EUA não tem nada a ver com aspectos religiosos”.
“O fuzil é basicamente só uma estratégia de marketing”, afirmou. E parece que funcionou: o estoque da arma se esgotou em 72 horas, segundo a agência de notícias AFP.
O site da Spike’s Tactical informa que novos pedidos podem demorar algumas semanas para serem entregues por causa da grande demanda pelo AR-15. O fuzil, segundo o portal, custa US$ 1.395 (cerca de R$ 5,4 mil).
Por meio de um comunicado à imprensa, o Conselho de Relações Islâmico-Estadounidenses da Flórida disse que o fuzil “não fará nada para deter a ameaça real nos Estados Unidos: o crescente problema da violência armada”.
Segundo a organização, o Crusader busca “lucrar com a promoção do ódio, da divisão e da violência”.