Dólar chega a R$ 4,14 e BC aumenta intervenção no câmbio

Após o dólar bater R$ 4,14, por conta de preocupações com a situação econômica e política no país e temores externos, o Banco Central intensificou a intervenção no câmbio nesta quarta-feira com o anúncio de novos leilões.

Às 13h54 o dólar subia 2,04%, cotado a R$ 4,1364 na venda. Na máxima da sessão, subiu 2,27%, a R$ 4,1457, segundo a Reuters. 

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) operava em alta depois de abrir em queda.

Após abrir o pregão desta quarta-feira (23) em queda, o dólar passou a subir minutos depois. A máxima do dia, R$ 4,1457, foi atingida um pouco antes do anúncio do BC.

Intervenção do BC
O BC vendeu no início da tarde 4,4 mil swaps cambiais, equivalentes a venda futura de dólares, da oferta de até 20 mil. E realizará durante a tarde leilão de venda de até US$ 2 bilhões com compromisso de recompra e, na quinta-feira, outra oferta de até 20 mil swaps cambiais. Todos esses leilões, segundo assessoria de imprensa do BC, não são para rolar contratos já existentes.

O BC voltou a realizar neste mês os chamados leilões de linha (venda de moeda norte-americana com compromisso de recompra nos meses seguintes). Ao vender divisas no mercado, o BC atua para tentar conter a alta do dólar – fator que prejudica o controle da inflação, uma vez que insumos e produtos importados ficam mais caros.

Desde abril, o BC não fazia leilão de swap sem ser para rolagem. O Banco Central também deu continuidade à rolagem dos swaps cambiais que vencem em outubro nesta manhã, vendendo a oferta total de até 9,45 mil contratos. Ao todo, já rolou o equivalente a US$ 7,179 bilhões, ou cerca de 76% do lote total, que corresponde a US$ 9,458 bilhões.

“Uma atuação como essa deveria segurar um pouco, mas a volatilidade está muito grande”, disse à Reuters o gerente de câmbio da corretora BGC Liquidez, Francisco Carvalho. “O mercado está perdido e corre para o dólar”

Veja a cotação ao longo do dia:
Às 9h05, caía 0,84%, a R$ 4,0197
Às 9h20, caía 0,75%, a R$ 4,0231
Às 10h20, subia 0,696%, a R$ 4,082
Às 10h30, subia 0,548%, a R$ 4,076
Às 10h50, subia 0,9%, a R$ 4,0903
Às 11h, subia 0,957%, a R$ 4,0926
Às 11h20, subia 1,31%, a R$ 4,1067
Às 11h30, subia 1,85%, a R$ 4,1287
Às 11h40, subia 1,59%, a R$ 4,1182
Às 12h, subia 1,83%, a R$ 4,128
Às 12h10, subia 1,79%, a R$ 4,1266
Às 12h34, subia 1,89%, a R$ 4,1307
Às 12h50, subia 1,28%, a R$ 4,1057
Às 13h06, subia 1,41%, a R$ 4,1111
Às 13h39, subia 1,87%, a R$ 4,1296

Preocupações com o Brasil

Na manhã desta quarta-feira, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, expressou preocupação com a economia global, o que se somou à já forte apreensão com a economia e a política brasileira.

Mais cedo, a moeda chegou a cair quase 1%, a R$ 4,0145 na mínima do dia, após o Congresso manter alguns vetos da presidente Dilma Rousseff que não devem prejudicar o ajuste fiscal, mas adiar a análise de outros itens importantes.

“(Draghi demonstrou) preocupação com a perspectiva de crescimento global e a apreensão com o Brasil continua”, resumiu o economista da 4Cast Pedro Tuesta. Draghi afirmou nesta manhã que o BCE precisa de mais tempo para avaliar se é necessário fortalecer seu programa de compra de ativos, ao mesmo tempo em que ressaltou que a desaceleração de mercados emergentes, o avanço do euro e a queda dos preços de commodities prejudicam as perspectivas econômicas.

A pressão externa somou-se ao quadro político e econômico preocupante no Brasil. Embora a decisão do Congresso nesta madrugada tenha aliviado um pouco essas preocupações, o mercado seguia temeroso.

“O veto mais importante é o do aumento (de salários dos servidores do) Judiciário e não sabemos quando ele vai ser analisado”, disse o operador de uma corretora nacional, referindo-se ao veto que, se derrubado, vai gerar gastos de 36 bilhões de reais até 2019, segundo cálculos do governo.

Citando riscos aos planos fiscais do governo no curto prazo e a grande probabilidade de novos rebaixamentos da nota de crédito do Brasil, o Credit Suisse passou a projetar que o dólar deve atingir R$ 4,25 em três meses e R$ 4,50 em 12 meses, contra R$ 3,65 e R$ 4,10 reais, respectivamente.

Recorde na véspera
Na terça-feira, a moeda norte-americana teve alta de 1,83%, vendida a R$ 4,0538. No ano, o dólar já tem alta acumulada de 52,47%.

A cotação de fechamento desta terça foi a mais alta já registrada desde a criação do real. A maior até então havia sido registrada em 10 de outubro de 2002, quando o dólar chegou a ser vendido a R$ 4 durante o pregão, mas desacelerou a alta e fechou naquele dia a R$ 3,98.

Na época, a moeda norte-americana foi impulsionada, entre outros, pelas perspectivas de que o então candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seria eleito, algo que não agradava o mercado financeiro.

No passado, houve um breve período em que R$ 1 chegou a valer mais que US$ 1 na carteira. Isso aconteceu entre 1994 e 1999, quando o governo passou a controlar artificialmente a cotação da moeda norte-americana para estabilizar a economia do país, recém-saída de uma hiperinflação.

Dólar turismo a mais de R$ 4,60

Nas casas de câmbio, a disparada do dólar já mostra seus reflexos. Na manhã desta quarta-feira, a cotação passava de R$ 4,60.

G1 pesquisou o preço para o valor do dólar em três casas de câmbio. A cotação chega a R$ 4,62 no cartão pré-pago (já inclusos os 6,38% de IOF) na Confidence Câmbio. Em espécie, a moeda sai por R$ 4,39. Na Get Money, a cotação chega a R$ 4,58 no cartão pré-pago (já inclusos os 6,38% de IOF). Em espécie, a moeda sai por R$ 4,34. Na Cotação, o dólar sai por R$ 4,39 em espécie, e R$ 4,61.

Fonte: G1

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