Famílias dizem não à doação de órgãos e pacientes morrem sem transplante

Kelly Brandão, coordenadora da Central de Transplantes de Alagoas (CTA)

Ascom Santa CasaKelly Brandão, coordenadora da Central de Transplantes de Alagoas (CTA)

Kelly Brandão, coordenadora da Central de Transplantes de Alagoas (CTA)

Dos 50 candidatos à doação de órgão notificados em 2015 à Central de Transplantes de Alagoas (CTA), apenas 20% teve o diagnóstico fechado de morte encefálica. Conforme o protocolo clínico para transplante, após esse diagnóstico a equipe da Comissão Intra Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) assume a missão de contactar a família do paciente visando à doação de órgãos. “Desse total de 20%, mais da metade das famílias (57%) dizem não à doação”, lamenta Kely Brandão, coordenadora da CTA.

Entre as principais alegações estão questões como o desejo de manter a integridade do corpo do falecido; a negativa do ente querido, em vida, em relação a doação ou mesmo o desconhecimento da familia se esse era a sua vontade. Outro ponto é a não compreensão sobre os critérios para diagnóstico da morte encefálica, o que deixa na família a sensação de que o paciente pode voltar a qualquer momento.
As 50 mortes notificadas ao CTA são uma gota no oceano diante dos cerca de 2% a 5% de mortes encefálicas registradas em hospitais com Unidade de Terapia Intensiva no Brasil.

Os números mostram que tais doações poderiam salvar centenas de vidas em todo o país mas, infelizmente, estão sendo desperdiçadas. Além da negativa das famílias, outros fatores ajudam a complicar a situação, como a subnotificação de casos e questões técnicas relacionadas à remuneração, logística, captação, transporte e transplante de órgãos.

A Central de Transplantes de Alagoas informa ainda que 231 pacientes estão na fila de espera para receber um rim, número expressivo se comparado aos exíguos 10 procedimentos realizados este ano e às 107 intervenções registradas desde o primeiro transplante, em 1988.

Quando se fala em transplante de coração, Alagoas se destaca por ser um dos nove estados brasileiros a realizar o procedimento. Este ano foram dois transplantes. Já a fila de espera conta com três pacientes. O número é pequeno porque a maioria morre antes.

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